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Por Daniel Alvarenga e Patricia Vicente Rua
LISBOA, 15 Mai (Reuters) - Portugal cresceu em cadeia 1 pct no primeiro trimestre de 2017, o ritmo mais forte desde 2007 e acima do previsto, impulsionado pela aceleração das exportações e apesar de uma desaceleração do consumo privado, levando o Produto a expandir 2,8 pct em termos homólogos, segundo a estimativa rápida do INE.
"São números bastante positivos porque confirmam o crescimento contínuo da economia portuguesa desde meados de 2013, considerando variações homólogas, e também confirmam uma aceleração do ritmo de crescimento, o que é uma novidade", disse Filipe Garcia, Presidente da consultora Informação de Mercados Financeiros.
Esta performance supera as expectativas dos analistas consultados pela Reuters, que apontavam para uma expansão de 0,7 pct 'quarter-on-quarter' e de 2,4 pct em termos homólogos.
"Esta aceleração (homóloga) resultou do maior contributo da procura externa líquida, que passou de negativo para positivo, refletindo a aceleração em volume mais acentuada das exportações de bens e serviços que a das importações de bens e serviços", explicou o Instituto Nacional de Estatística (INE), num comunicado.
"A procura interna manteve um contributo positivo elevado, embora inferior ao do trimestre precedente, verificando-se uma desaceleração do consumo privado e uma aceleração do investimento (em termos homólogos)", referiu o INE.
Após a divulgação destes indicadores, os juros da dívida soberana de Portugal a 10 anos, que reflectem o prémio de risco do país, tocaram mínimos desde Novembro de 2016 nos 3,36 pct, seguindo agora a negociar nos 3,39 pct, estáveis face ao fecho de ontem PT10YT=TWEB .
BONANÇA
"Trata-se de uma evolução bastante positiva que resulta da 'bonança perfeita' que é o contexto atual, muito favorável", disse Filipe Garcia.
"A política monetária continua muito expansiva e com taxas de juro muito baixas, o 'apoio' do BCE tem efeitos ao conter o 'risco país', a economia mundial e europeia estão a crescer de forma sustentada - com os nossos principais parceiros a crescer bem - o euro está relativamente baixo e o desenvolvimento do setor do turismo em Portugal tem sido excelente".
Na comparação 'quarter-on-quarter', o contributo da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB passou de negativo para positivo, com um "significativo" aumento das exportações de bens e de serviços, mais elevado que o das importações.
O INE acrescentou que o contributo da procura interna diminuiu de forma expressiva devido, principalmente, ao comportamento do investimento, verificando-se um contributo negativo da variação de existências.
"São números bastante bons. Em termos homólogos, não tínhamos um valor tão elevado desde 2007", disse Rui Bárbara, economista do Banco Carregosa.
"Mas é importante saber quais os componentes dentro do PIB que mais evoluiram e saber se este crescimento é sustentável".
As estimativas do Governo apontam para crescimento de 1,8 pct do PIB em 2017 e défice de 1,5 pct.
A 11 de Maio, o Governo disse que as previsões da Primavera de Bruxelas confirmam que Portugal tem condições para sair do procedimento por défice excessivo. (Reportagem adicional de Patrícia Vicente Rua; Editado por Sérgio Gonçalves)