Se está a pensar fazer uma tatuagem, talvez seja melhor pensar melhor.
Um estudo realizado pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA revelou que várias tintas para tatuagens e maquilhagem permanente (PMU) disponíveis no mercado estavam contaminadas com milhões de bactérias potencialmente nocivas.
A investigação, publicada na revista Applied and Environmental Microbiology, examinou 75 amostras de tintas de tatuagem de 17 fabricantes diferentes para detetar potenciais fontes de infeções humanas.
Os cientistas descobriram que cerca de 35% das tintas de tatuagem não abertas e seladas vendidas nos EUA estavam contaminadas com bactérias.
"As nossas descobertas revelam que as tintas de tatuagem fechadas e seladas podem albergar bactérias anaeróbias, conhecidas por se desenvolverem em ambientes com pouco oxigénio, como a camada dérmica da pele, juntamente com bactérias aeróbias", afirmou Seong-Jae (Peter) Kim, autor correspondente e microbiologista do Centro Nacional de Investigação Toxicológica da FDA, num comunicado.
"Isto sugere que as tintas de tatuagem contaminadas podem ser uma fonte de infeção de ambos os tipos de bactérias. Os resultados sublinham a importância de monitorizar estes produtos para detetar bactérias aeróbias e anaeróbias, incluindo microorganismos possivelmente patogénicos".
O estudo identificou a presença de bactérias anaeróbias, que se desenvolvem em ambientes com pouco oxigénio, como a camada dérmica da pele onde a tinta é injetada, juntamente com bactérias aeróbias, que não necessitam de oxigénio.
As bactérias também foram encontradas nalgumas das tintas contaminadas dentro de embalagens, alegadamente, esterilizadas.
"É de notar que as infeções microbianas constituem apenas um aspeto destas complicações. Para além das infeções microbianas, as complicações imunológicas, como as reações inflamatórias e a hipersensibilidade alérgica e respostas tóxicas, representam uma parte significativa destes problemas", afirmou Kim.
"À luz dos resultados do nosso estudo, queremos sublinhar a importância de monitorizar continuamente estes produtos para garantir a segurança microbiana das tintas de tatuagem", acrescentou.
Preocupações contínuas com a saúde
Esta não é a primeira vez que se descobre que as tintas de tatuagem estão contaminadas com agentes que podem representar riscos para a saúde.Um estudo anterior, publicado na revista Analytical Chemistry, analisou nove grandes marcas de tintas de tatuagem e descobriu que alguns dos ingredientes utilizados eram potencialmente perigosos.
O estudo revelou que 90 % das tintas examinadas continham aditivos ou pigmentos que não constavam do conteúdo do rótulo.
Mais de metade das tintas continham polietilenoglicol, que é uma substância que pode causar lesões orgânicas por exposição repetida.
Os investigadores também descobriram que o 2-fenoxietanol, uma substância química que pode potencialmente causar irritação da pele, dos pulmões e do fígado quando em contacto com a pele em doses elevadas, era um dos contaminantes em algumas das amostras testadas.
"Esperamos que os fabricantes aproveitem esta oportunidade para reavaliar os seus processos e que os artistas e os clientes aproveitem esta oportunidade para exigir uma melhor rotulagem e fabrico", afirmou John Swierk, coautor do estudo e professor assistente de química, num comunicado.