LISBOA, 21 Nov (Reuters) - A economia global vive momentos de grande incerteza, com tendências proteccionistas, eurocepticismo e o Brexit, avisou o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, realçando que a zona euro tem de dar passo em frente, não um passo atrás.
O também membro do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) alertou que "o melhor é verificar que há um problema e que tem de ser governado seja a nível europeu, seja ao nível internacional, seja a nível de governo próprio".
Vincou: "tudo o que seja voltar atrás é uma ilusão. Podemos fechar uma porta durante uma década, na seguinte o que vamos encontrar é que situação ficou pior para quem fechou a porta".
"Estamos neste momento num quadro de grande incerteza, com tendências proteccionistas, eurocepticismo, Brexit, referendo italiano e temos ainda o populismo", referiu Carlos Costa, numa conferência.
"A zona euro tem de dar passo em frente, não um passo atrás (...) mais tarde ou mais cedo vamos ter G8, G7 ou G20 a discutir a questão cambial porque é um mecanismo importante de ganhos ou perdas pela sua manipulação", disse o Governador.
Afirmou que "uma das grandes tentações, e isso já se passou nos anos 30 (século passado), é: 'vamos parar o relógio' e voltar ao proteccionismo, mas as forças que determinam a operação dessa interdependência (da economia global) continuam a operar".
Mas, frisou que "a pior forma de reagir politicamente é pensar que se interrompem os acontecimentos ou que se faz recuar o processo" da integração europeia.
Acrescentou que o ponto crítico não é defender políticas expansivas ou não expansivas, tem de ser promover crescimento produto potencial. (Por Daniel Alvarenga; Escrito por Sérgio Gonçalves)