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Grécia diz "nem mais um euro" de austeridade, UE pede acordo rapidamente

Publicado 16.02.2017, 16:35
© Reuters.  Grécia diz "nem mais um euro" de austeridade, UE pede acordo rapidamente

ATENAS/VIENA 16 Fev (Reuters) - Responsáveis da União Europeia (UE) pediram esta quinta-feira à Grécia e aos seus credores para que concluam rapidamente a revisão do programa de resgate financeiro do país, de modo a salvaguardar a recuperação económica.

No entanto, Atenas já disse que não pediria "nem mais um euro" de austeridade à população.

As negociações até ao momento inconclusivas entre o governo grego e os credores internacionais em torno das reformas económicas a implementar e o alívio da dívida correm o risco de reacender uma grave crise que, há dois anos, quase redundou na saída forçada da Grécia da zona euro.

A dificuldade na obtenção de um acordo sobre vários aspectos do que deve ser feito na Grécia tem contribuído para o aumento das dúvidas sobre o futuro do programa de resgate de 86.000 milhões de euros. Enquanto o impasse persistir, uma nova fatia do auxílio externo continuará retido.

Esta quinta-feira, as autoridades da UE pediram mais rapidez de modo a evitar o fracasso. Um responsável político alemão próximo da chanceler Angela Merkel deu a entender que um dos pontos da discórdia - a participação do Fundo Monetário Internacional - pode ser contornado.

Porém, a Grécia mantém-se firme na intenção de não ceder à imposição de austeridade, notando que a população tem vivido num cenário de profunda recessão, deflação e uma taxa de emprego a atingir cerca de um quarto da população activa.

O comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, que visitou Atenas na quarta-feira, disse estar "esperançado" num acordo antes da reunião dos ministros das finanças da zona do euro, agendada para a próxima segunda-feira.

"Um acordo sobre qual o caminho a seguir para o programa grego é absolutamente fundamental... Com um pouco mais de esforço de todas as partes envolvidas, parece possível", disse Moscovici em Viena.

Outro responsável da UE, que pediu para não ser citado, disse que seria melhor concluir as negociações em breve, mas acrescentou que não há qualquer crise financeira real. "A situação de liquidez na Grécia é benigna", disse, revelando um conhecimento aprofundado das negociações.

"O governo grego está empenhado em negociar com sentido de responsabilidade... no entanto, sem haver quaisquer custos adicionais para a sociedade grega", disse o porta-voz do governo grego, Dimitris Tzanakopoulos, em conferências de imprensa. "O nosso objectivo continua a ser um acordo sem mais um euro de austeridade".

O governo grego tem resistido à imposição de mais medidas austeridade pelos credores, particularmente em sectores da sociedade como os pensionistas que já sofreram 11 cortes nos seus rendimentos desde o início do programa.

ATRASO TEM CUSTOS

Em Bruxelas, o vice-presidente da Comissão Europeia responsável pelo euro, Valdis Dombrovskis, disse que a revisão do acordo de ajuda à Grécia tem custos, pelo que deve ser encontrada uma solução muito rapidamente.

"Há um entendimento comum de que o tempo perdido em chegar a um acordo terá um custo para todos", disse Dombrovskis ao portal de notícias grego Euro2day. Dombrovskis disse que a situação na Grécia não poderia ser comparada com a situação no início de 2015, quando o país evitou por muito pouco o incumprimento e a saída da zona euro.

A Grécia terá de saldar cerca de 7.500 milhões de euros de dívida em Julho, mas será incapaz de o fazer se não receber mais empréstimos dos credores. Até agora, recebeu cerca de 31.700 milhões do último acordo de resgate, o terceiro desde 2010.

Os desentendimentos acerca das reformas na legislação laboral e no sector da energia, que os credores querem que a Grécia adopte, têm sido agravados pela posição do FMI, que não participará do resgate mais recente devido a preocupações de que Atenas nunca será capaz de saldar a dívida.

Responsáveis europeus dizem que o programa de resgate não pode continuar sem a contribuição do FMI, embora Manfred Weber, deputado alemão que chefia o bloco conservador no Parlamento Europeu, tenha dito esta quinta-feira que a participação do FMI não é fundamental.

Os recentes dados económicos da Grécia mostram uma recuperação muito ténue, com subida da inflação e o nova contracção do crescimento económico.

Texto completo em inglês: de Renee Maltezou e François Murphy, com Angeliki Koutantou, Jan Strupczewski e Francesco Guarascio; traduzido por Daniel Lourenço em Gdyunia; Editado por Sérgio Gonçalves em Lisboa)

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