A tirzepatida reduziu em 38% o risco de hospitalização ou morte em adultos obesos com insuficiência cardíaca, em comparação com um placebo, segundo a farmacêutica Eli Lilly (NYSE:LLY).
A empresa norte-americana revelou os resultados de um ensaio clínico de fase três do medicamento em adultos obesos com um tipo comum de insuficiência cardíaca.
Esta substância ativa é comercializada com o nome de Zepbound, para a perda de peso, e Mounjaro, para tratar a diabetes. O Mounjaro foi autorizado para utilização na União Europeia em 2022.
A tirzepatida também melhorou os sintomas de insuficiência cardíaca e as limitações físicas dos doentes, disse a empresa, e ajudou adultos a perder 15,7% do peso corporal, em comparação com apenas 2,2% para aqueles que tomaram um placebo.
A empresa afirmou que vai continuar a avaliar os resultados do ensaio para apresentá-los às agências reguladoras ainda este ano.
O ensaio aleatório incluiu 731 participantes em nove países que receberam 5 mg, 10 mg ou 15 mg de tirzepatida, com base no que podiam tolerar, ou um placebo. O medicamento foi administrado uma vez por semana.
A tirzepatida é um dos medicamentos mais populares para a obesidade e a diabetes tipo 2 e pertence à mesma categoria do semaglutido, que é o ingrediente ativo dos medicamentos Ozempic e Wegovy da farmacêutica Novo Nordisk (CSE:NOVOb).
Tal como estes medicamentos, a tirzepatida é um agonista dos recetores do péptídio-1 semelhante ao glucagon (GLP-1), que imita uma hormona produzida no intestino que sinaliza quando o organismo está cheio.
A tirzepatida também imita a hormona GIP (polipéptido insulinotrópico dependente da glicose) que regula os níveis de glicose no sangue.
O semaglutido demonstrou reduzir os eventos cardiovasculares, como acidentes vasculares cerebrais, ataques cardíacos e morte em adultos com doença pré-existente.
A Agência Europeia de Medicamentos adoptou um parecer positivo na semana passada sobre o alargamento da utilização do Wegovy para incluir a prevenção de problemas cardiovasculares graves em adultos com excesso de peso e doença cardiovascular.
Os efeitos secundários adversos mais frequentes da tirzepatida foram diarreia, náuseas, obstipação e vómitos, segundo a Eli Lilly, embora o medicamento possa também causar efeitos secundários mais graves.
Um estudo publicado recementente no New England Journal of Medicine concluiu que a tirzepatida pode também ajudar as pessoas que sofrem de apneia obstrutiva do sono, uma perturbação grave do sono em que as pessoas deixam de respirar enquanto dormem.
A farmacêutica afirmou, no entanto, que existem riscos e incertezas na produção do medicamento e que não há garantias de que este seja aprovado para doentes com insuficiência cardíaca.
Os especialistas alertaram também para o facto de o custo e o acesso continuarem a ser obstáculos à utilização destes medicamentos de grande sucesso para a perda de peso, que estão sujeitos a escassez devido à sua popularidade.
Os problemas de peso e a obesidade estão a aumentar nos países da União Europeia (UE). De acordo com o Eurostat, 52,7% da população adulta da UE tinha excesso de peso em 2019.