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Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 3 Out (Reuters) - Os bancos portugueses têm baixa rentabilidade e é crítico que aumentem o capital para passarem a um novo modelo de negócio, reduzindo a sua dimensão e reforçando a vertente tecnológica, disse o governador do Banco de Portugal (BP), Carlos Costa.
O também membro do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) adiantou que a banca está a "gerir dois problemas: o da crise e a revolução tecnológica e impacto no modelo de negocio do sector".
Realçou que os "os bancos estão confrontados com 'non-performing loans' que vão consumir capital para resolver () um modelo muito mais custoso do que o modelo do futuro".
"(O actual modelo), com um ambiente de baixas taxas de juro, não oferece margens para financiar esse modelo, com baixa rentabilidade, e há dificuldade em levantar capital em mercado porque não há investidores interessados (no negócio)", afirmou numa conferência.
"Os bancos precisam criticamente de aumento de capital para passar a novo modelo de negócio", acrescentou Carlos Costa.
No entanto, destacou: "em Portugal, a estabilidade de depósitos é demonstração que temos garantido confiança no sistema financeiro apesar dos acidentes com que fomos confrontados e tivemos de gerir".
DESAFIOS
Carlos Costa, num encontro entre banqueiros dos países de Língua Portuguesa em Lisboa, sublinhou que a crise europeia se mantém e que os bancos são elementos centrais dessa crise.
"É uma constatação, estamos a viver neste momento um cruzamento de múltiplas circunstâncias: deterioração da reputação (dos bancos), baixa rendibilidade e necessidade de reforço da regulação", disse o Governador do Banco de Portugal.
Lembrou que desde 2008, alguns bancos desapareceram, outros necessitaram de apoio dos fundos públicos e que as taxas de incumprimento do crédito a empresas e a particulares aumentaram significativamente.
"A sustentabilidade da dívida dos agentes privados e públicos é um ponto decisivo para sustentabilidade do sistema financeiro", sublinhou.
Referiu que os mecanismos prudenciais e regulatórios para a banca na Europa continuam muito dependentes das autoridades públicas.
"Mesmo a linha de 'bail-in' (da banca) na Europa tem limites. E se for ultrapasasdo coloca-se a questão: quem suporta as perdas a seguir? Os depositantes?".
"As autoridades regulatórias estão dependentes da solidariedade das autoridades públicas". (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)