Por Sergio Goncalves
LISBOA, 16 Set (Reuters) - Portugal espera que não haja manobras de última hora para aparecer uma indevidamente formalizada candidatura a secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), pois mataria a transparência do processo, disse o Primeiro-Ministro António Costa, reiterando que o ex-PM Guterres é o melhor candidato.
Segundo diplomatas, António Guterres, que foi também Alto Comissário da ONU para os Refugiados de Junho de 2005 a Dezembro de 2015, voltou a liderar a disputa para se tornar o próximo secretário-geral da ONU, após a quarta votação secreta do Conselho de Segurança que decorreu em 9 de Setembro. a imprensa tem referido que a Alemanha alegadamente terá pedido o suporte da Rússia para avançar com uma nova candidatura para liderar a ONU, a de Kristalina Georgieva, que é vice-presidente da Comissão Europeia.
António Costa realçou que "é muito positivo que este processo, pela primeira vez, tenha decorrido de uma forma aberta e transparente, que os diferentes candidatos se tenham apresentado a tempo e horas, tenham sido submetidos a auscultações públicas, confrontado num debate televisivo, e a opinião pública mundial tenha podido acompanhar este processo".
"Não é um jogo de bastidores, não é um jogo de manobras diplomáticas. É uma campanha em que os diferentes candidatos têm vindo a dizer o que se propõem (fazer) e essa legitimação colectiva das Nações Unidas é muito importante", afirmou em declarações aos jornalistas televisionadas pela SIC, em Bratislava.
"Seria matar completamente este processo, se houvesse agora qualquer manobra de aparecer inopinadamente uma candidatura não apresentada devidamente, que não se confrontou nos debates com todos os outros", adiantou o Primeiro-Ministro, sem fazer qualquer referência a Kristalina Georgieva.
Esta semana, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia Gennady Gatilov disse, à Interfax, que Kristalina Georgieva "não é uma candidata oficial", frisando: "sabemos apenas de uma candidata oficial da Bulgária, que é Irina Bokova".
Realçou que "Irina Bokova é uma séria candidata, que lidera a UNESCO, e que tem demonstrado bons resultados durante as rondas indicativas de voto detidos pelo pelo Conselho de Segurança".
O Primeiro-Ministro afirmou que Guterres, que chefiou o Governo de Portugal entre 1995 e 2002, "tem recolhido nas Nações Unidas o maior consenso e tem revelado, perante a opinião pública mundial, estar nas melhores condições para ser o melhor secretário-geral" da ONU.
"É um português, que nos orgulha muito. Mas, trata-se de dar resposta a quem é a melhor pessoa para dirigir as Nações Unidas, neste momento tão desafiante", afirmou António Costa.
"Em quatro votações consecutivas, os membros do Conselho de Segurança foram claros e a resposta é: António Guterres. Devemos fazer aquilo que são as regras que estavam definidas. Eu desejo que rapidamente as Nações Unidas possam concluir este processo".
Guterres também venceu as três primeiras rondas de votação.
O Conselho de Segurança da ONU vai continuar com as votações secretas na tentativa de alcançar um nome consensual para substituir o sul-coreano Ban Ki-moon, que deixa o cargo no final de 2016 depois de cumprir dois mandatos de cinco anos. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Shrikesh Laxmidas)