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Pode a conversão de espaços de escritórios desativados em apartamentos resolver crise da habitação?

Publicado 30.09.2024, 16:29
Pode a conversão de espaços de escritórios desativados em apartamentos resolver crise da habitação?
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Nos últimos anos, a maior parte das cidades europeias tem assistido a crises imobiliárias que têm vindo a tornar-se uma verdadeira história de terror no setor da habitação, afetando gerações inteiras.

Com o boom dos mercados imobiliários e o aumento dos custos dos materiais, da mão-de-obra e da burocracia, a situação tornou-se o principal motivo de preocupação para muitos jovens na Europa.

Mas dois empresários imobiliários alemães têm vindo a ser criativos com antigas fábricas e espaços de escritórios desativados há quase 15 anos, dando-lhes uma nova vida como apartamentos a preços acessíveis.

No seu repertório de espaços convertidos com história estão uma antiga fábrica de doces, uma loja de departamentos e os escritórios abandonados da antiga companhia ferroviária comunista da Alemanha de Leste.

Para os empresários imobiliários Lutz Lakomski e Arndt Ulrich, transformar o edifício de escritórios em apartamentos foi quase um acidente.

Há cerca de 12 anos, a dupla, que se conhecia da aldeia de Dernbach, na Alemanha Ocidental, iniciou o projeto e, atualmente, vivem cerca de 400 pessoas no antigo edifício administrativo.

Inicialmente, queriam demolir o edifício para dar lugar a espaços comerciais, o setor em que ambos trabalharam durante muitos anos, mas as autoridades não o permitiram.

“Pensámos, simplesmente, em termos práticos. Por isso, dissemos: se não o podemos demolir, então vamos transformá-lo em apartamentos”, afirmou Arndt Ulrich.

Corredor repleto de obras de arte Donogh McCabe

Esta não foi a sua primeira expedição no domínio da habitação. Em 2010, também um armazém em 86 apartamentos com espaço para lojas no rés-do-chão.

“Claro que houve muitos desafios, especialmente no que diz respeito à segurança contra incêndios e à contaminação do edifício, que teve de ser removida”, disse Lakomski à Euronews.

Depois, começaram os trabalhos no edifício de escritórios de nove andares.

Uma tarefa complicada

A dupla teve o cuidado de transformar alguns dos lugares de estacionamento num parque infantil bem cuidado, e de se certificar de que o edifício cumpria as mais recentes normas energéticas, nomeadamente através de aquecimento urbano e insonorização.

“Pegámos num edifício antigo e, através da modernização, trouxemo-lo para um estado muito moderno. Para além disso, o edifício é acessível a cadeiras de rodas, algo que não é frequente na Alemanha”, afirmou Lakomski.

Os apartamentos, com 25 a 35 metros quadrados, são arrendados principalmente a estudantes.

Tanto Lakomski como Ulrich têm como prioridade visitar os seus edifícios uma vez por mês para ver se há alguma coisa que precise de ser reparada. Querem garantir que o edifício se mantém em boas condições e, de facto, é fácil ver o nível de cuidado que foi dedicado através do preenchimento dos corredores com arte.

Dois inquilinos com quem a Euronews falou disseram que estavam entusiasmados por viver no edifício porque “parece novo” e é algo que, como estudantes, podem pagar.

“Os edifícios de escritórios têm muitas vezes certos requisitos que não se coadunam com a construção residencial. Por isso, não é uma tarefa fácil, mas ajuda definitivamente a construir mais depressa porque o edifício já existe”, disse Lakomski.

“E, geralmente, há lugares de estacionamento suficientes associados às áreas de escritórios, que podem até ser convertidos em espaços verdes para oferecer uma melhor qualidade de vida às pessoas.”

Poderá esta ser uma solução futura para outras cidades?

Tanto Lakomski como Ulrich são céticos quanto à perspetiva de converter edifícios em escritórios perto do centro das cidades.

“Se tivermos edifícios de escritórios em locais privilegiados, os preços são tão elevados que a conversão não compensa. Mas nos locais periféricos, onde os escritórios já não funcionam, faz sentido convertê-los em apartamentos”, explica Ulrich.

No entanto, a dupla alertou para o facto de a burocracia e as autoridades poderem criar obstáculos a estes projetos, porque “querem espaços comerciais, espaços de escritórios para atrair empresas que criem emprego e que paguem impostos”, acrescentou Lakomski.

Em primeiro lugar, a dupla aconselha as cidades a disponibilizar terrenos a preços atrativos e a incentivar as empresas municipais de habitação a construir habitação social e a preços acessíveis.

“Mas muitas cidades argumentam que isso não é viável porque não compensa. No entanto, os investidores privados estão dispostos a fazê-lo, o que cria uma situação absurda”, explicou Lakomski.

Apartamento vazio antes de uma visita Donogh McCabe

Mas as cidades e os seus políticos têm de ser mais pró-ativos, criar condições favoráveis, e então as coisas avançarão, diz a dupla.

“Essencialmente, a construção de habitações deve ser uma prioridade máxima. O presidente da câmara ou o diretor da cidade deve assumir pessoalmente a responsabilidade. Acredito que as coisas andariam mais depressa e de forma mais eficiente se não se perdessem no processo burocrático em que muitos são responsáveis, mas ninguém é verdadeiramente responsável”, afirmou Lakomski.

Os empresários explicam que as discussões sobre expropriação e limites de renda, frequentemente mencionadas no debate sobre a crise da habitação, “afugentam os investidores”.

“Se os investidores não puderem fazer planos a longo prazo ou planos financeiros, não virão e não investirão. Esta questão também tem de ser abordada. Como investidor, especialmente um investidor privado, preciso de segurança no planeamento”, explica Lakomski.

“Em grandes cidades como Berlim, temos planos com mais de 10 anos. Temos planos com mais de 20 anos e que ainda não foram concluídos porque estão constantemente a ser debatidos”, concluiu.

Atualmente, a dupla não tem planos para converter mais espaços em apartamentos em Berlim, mas tem projectos para breve na cidade de Koblenz, na Alemanha Ocidental.

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