Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 12 Abr (Reuters) - O dólar terminou a quarta-feira em queda ante o real, com os investidores ainda trabalhando com a expectativa de que a reforma da Previdência será aprovada mesmo após diversos ministros do governo do presidente Michel Temer e importantes parlamentares da base se tornarem alvo de inquéritos no âmbito da Lava Jato.
O dólar BRBY recuou 0,45 por cento, a 3,1339 reais na venda, depois de marcar 3,1596 reais na máxima da sessão. Na mínima, a moeda foi a 3,1321 reais. O dólar futuro DOLc1 recuava 0,10 por cento.
"O mercado parece acreditar que esse ruído político não vai progredir, não vai atrapalhar as reformas", afirmou o economista da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira.
O relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, autorizou a abertura de 76 inquéritos contra parlamentares, ministros de Estado e outras autoridades a partir das delações feitas por executivos da Odebrecht. A lista inclui oito ministros de Temer, entre eles Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência da República) e Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia). tarde, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a expectativa é de que a reforma da Previdência seja aprovada neste semestre, "mas não há grande drama se for em agosto". Segundo ele, o regime de transição ainda não está definido, mas os ganhos fiscais não devem ser substancialmente alterados. reforma da Previdência é tida pelo governo como a principal medida para colocar a economia em ordem e tem negociado fortemente com o Congresso Nacional para tirá-la do papel.
Alguns operadores do mercado destacaram, no entanto, que os investidores ainda avaliavam com mais cuidado quais serão os efeitos práticos dessa lista e que, por isso, a volatilidade pode surgir.
"A lista atingiu políticos de diversos partidos. Acredito que abre uma brecha para o governo conseguir aprovar as reformas, já que enfraquece os ataques de opositores citados", avaliou o economista da Infinity, Jason Vieira.
A tranquilidade dos negócios nesta sessão teve a contribuição do recuo do dólar ante divisas de países emergentes no exterior, em dia de menor tensão com a cena geopolítica.
Além disso, no final da tarde, a moeda perdeu força em todo o mundo após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o dólar está ficando muito forte e de que gostaria de uma política de juros baixos. O índice do dólar .DXY caiu ao menor nível desde 31 de março após as declarações. Banco Central brasileiro não anunciou intervenção no mercado de câmbio para esta sessão. Em maio, vencem 6,389 bilhões de dólares em swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. (Edição de Patrícia Duarte e Luiz Guilherme Gerbelli)