(Texto atualizado com novo contexto e cotações)
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO, 21 Set (Reuters) - O dólar reduzia a alta na tarde desta segunda-feira, operando na casa de 5,40 reais depois de flertar com 5,50 reais no começo do pregão, com as operações locais acompanhando algum alívio na pressão vista nos mercados de câmbio emergentes, mas ainda afetadas por aumento de aversão global ao risco.
Investidores de forma geral se mostravam abalados pelo aumento de casos de coronavírus nas principais economias, enquanto temores sobre a saúde fiscal brasileira continuavam impulsionando a busca pela segurança da moeda norte-americana.
Às 14h36, o dólar BRBY avançava 0,48%, a 5,4028 reais na venda. Na máxima, alcançada ainda na primeira hora de negócios, a moeda foi a 5,4984 reais (+2,26%). Na mínima, atingida há pouco, marcou 5,3975 reais (0,38%).
O principal contrato de dólar futuro DOLc1 diminuía o ganho para 0,14%, a 5,4005 reais, após bater 5,4985 reais, pico desde 28 de agosto (5,5265 reais).
A perda de fôlego do dólar também era vista no exterior, com moedas emergentes pares do real deixando as mínimas do dia. O dólar subia 1,6% ante o peso mexicano MXN= , após na máxima se valorizar 2,2%. A divisa norte-americana ainda saltava 3% contra o rand sul-africano ZAR= , mas chegou a disparar 3,8% no pior momento do dia.
O índice do dólar =USD frente a uma cesta de moedas fortes =USD subia 0,75%. As principais moedas latino-americanas .MILA00000CUS operavam em queda, assim como outras divisas internacionais arriscadas ou ligadas a commodities. AUD= NZD= CAD=
Entre outros mercados, o índice S&P 500 .SPX da Bolsa de Nova York caía perto de 2%, enquanto na Europa o índice STOXX 600 .STOXX tombou 3,2%. O Ibovespa .BVSP recuava 1,5%, e o mercado de juros tinha novo dia de estresse 0#DIJ: .
Os movimentos de venda de ativos arriscados refletiam temores sobre uma possível retomada de lockdowns nas principais economias, já que os casos de coronavírus voltaram a disparar na Europa, com o Reino Unido avaliando um segundo lockdown nacional após os novos casos aumentarem em ao menos 6 mil por dia.
"Estamos vendo uma piora relevante no quadro sanitário da Europa nos países que começaram a abrir a economia a partir de abril", explicou Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos. "Com certeza essa maior aversão a risco eleva a demanda por segurança, e o principal ativo procurado em momentos de cautela é o dólar."
Mas o movimento altista não é apenas reflexo da aversão a risco no exterior, ressaltou Ortiz.
No Brasil, o desconforto com a cena fiscal permanece, em meio a dúvidas crescentes sobre a capacidade do governo de financiar programas de assistência social sem desrespeitar o teto de gastos. semana passada, um dia depois de vetar o Renda Brasil, o presidente Jair Bolsonaro autorizou o relator do Orçamento, o senador Márcio Bittar (MDB-AC), a incluir na proposta orçamentária de 2021 a criação de um programa social com a mesma função do renegado pelo presidente. equipe econômica não deixou claro como o novo programa será financiado de forma a ser encaixado no teto de gastos, que já corre o risco de não ser cumprido", disse Ortiz, destacando ainda que "o risco político e o fiscal andam lado a lado", uma vez que a maioria dos ruídos em Brasília ocorre em meio a negociações de reformas e maneiras de compor os gastos públicos brasileiros.
No ano de 2020, o dólar acumula salto de mais de 34,6% em relação ao real, impulsionado pelo cenário local de incertezas políticas e econômicas, além do ambiente de juros extremamente baixos, que diminuem a rentabilidade de ativos locais atrelados à taxa Selic.
Na quarta-feira passada, o Banco Central manteve a taxa básica de juros em sua mínima histórica de 2% ao ano, após nove cortes consecutivos. O BC divulga na terça-feira a ata dessa reunião, com informações mais detalhadas sobre seus cenários a respeito do balanço de riscos para a inflação.
Na última sessão, na sexta-feira, a moeda norte-americana à vista registrou alta de 2,77%, a 5,3767 reais na venda, maior valorização diária desde 24 de junho. (Edição de Camila Moreira e José de Castro)