O surto de Coronavírus está a afetar a saúde das empresas, mercados financeiros e da economia global.
De Wall Street a Londres, passando pela Ásia, as bolsas do mundo inteiro, viveram a pior semana desde a crise financeira.
"É uma montanha-russa para os principais mercados, especialmente para Wall Street. Não víamos este tipo de perdas significativas há muito tempo, porque agora o coronavírus está a espalhar-se rapidamente pelo mundo", afirma Jackson Wong, diretor de gestão de ativos, em Hong Kong.
Mas, para muitos, como Eric Wiegand, gestor de carteiras em Nova Iorque, isto é território de correção, o que significa que os índices caíram mais de 10% relativamente ao seu máximo de fevereiro do ano passado.
"Na nossa perspetiva, ainda há algumas bases fundamentais não só para a economia, mas para o avanço do mercado de ações a partir daqui. Portanto, concordamos que se trata de uma correção. E, neste ponto, isto não é indicativo de mais um declínio acentuado ou de um sinistro no preço das ações", afirma.
Mas a situação é complicada. A economia mundial estava bastante debilitada por um ano de guerra comercial entre a China e os Estados Unidos e por um crescimento lento na Europa, para ser atingida por este vírus.
O chefe de Pesquisa de Mercado do Baader Bank, na Alemanha, está preocupado: "Isto não está bom. Pode dizer-se que as bolsas estão infetadas, no verdadeiro sentido do termo. Eu não quero ser cínico, mas é o que é. Ainda não sabemos como lidar com este vírus - é uma nova dimensão - e o pior é que não sabemos como este vírus vai afetar a economia global. A insegurança é um veneno para os mercados".
O efeito vê-se em todas as vertentes da economia. O preço do petróleo afundou já que os mercados antecipam a queda na procura. O contágio global está a fazer diminuir as viagens internacionais, quer de trabalho quer de lazer. A companhia Brussels Airlines, por exemplo, anunciou um corte de 30% nos voos para o norte de Itália devido ao conoravírus.
De acordo com os operadores turísticos italianos, o cancelamento das reservas para o mês de março está estimado em 90%.
Para os cidadãos, menos viagens implica mais poupanças, mas para os estados e as regiões em que a indústria do turismo significa uma enorme fonte de receitas, como a Itália, os efeitos no orçamento podem ser catastróficos.
O país impacienta-se. O ministro da Cultura, Dario Franceschini, responde: "Não podemos passar de querer fechar tudo, a querer abrir tudo imediatamente. Cada escolha que fazemos é feita com bom senso e seguindo as indicações das autoridades sanitárias. No que respeita a este setor, em particular museus, cinemas e teatros, tomaremos decisões com as autoridades competentes vendo quais as zonas do território em que podemos fazer a reabertura imediata, porque é preciso que a Itália siga em frente".
A Itália e o mundo. O coronavírus está a apagar do calendário eventos atrás de eventos: Após Mobile World Congress, em Barcelona, foi cancelado o Salão Automóvel de Genebra.