Por Guy Faulconbridge
LONDRES, 12 Jun (Reuters) - Antes louvados como pioneiros, alguns dos arquitetos de impérios europeus agora enfrentam uma reação contrária: manifestantes antirracismo estão exigindo que seus legados sejam reavaliados e que suas estátuas muitas vezes imponentes sejam derrubadas e destinadas à lata de lixo da história.
De Cecil Rhodes, na Inglaterra, ao capitão James Cook, na Austrália, Cristóvão Colombo, nos Estados Unidos, e o rei Leopoldo 2º, na Bélgica, os imperialistas estão sob ataque, às vezes de descendentes daqueles que um dia colonizaram.
O motivo? Uma ampla reavaliação global da história e do racismo desencadeada pela morte de George Floyd, um negro, depois que um policial branco de Mineápolis se ajoelhou sobre seu pescoço durante quase nove minutos no dia 25 de maio enquanto o detinha.
"A escravidão ainda é uma história muito real para os negros --ainda estamos vivendo suas consequências, com uma hierarquia racial que coloca os negros lá embaixo", disse Mary Ononokpono, uma doutoranda na Universidade de Cambridge que estuda o comércio escravagista entre o Reino Unido e Biafra.
"Reino Unido, Europa e América --e África-- têm que confrontar sua história. Precisamos urgentemente ter uma conversa honesta e há muito adiada sobre a história da escravidão e seu legado de empobrecimento."
Manifestantes retiraram uma estátua de Edward Colston, um traficante de escravos do século 17, da cidade inglesa de Bristol no domingo e a atiraram em um rio. Ela foi recuperada e será instalada em um museu.
Esta neste ponto a revolta do movimento, que se expandiu e agora visa colonizadores, monarcas e exploradores que, em alguns casos, erradicaram ou escravizaram populações locais de todo o mundo durante o afã europeu pela conquista de um império e pela busca de tesouros.
Nos EUA, ele também ressuscitou um debate sobre símbolos associados aos confederados escravagistas do sul. Oponentes dos símbolos, entre eles monumentos, memoriais e bandeiras dos confederados, os consideram emblemas da escravidão, do racismo e da xenofobia norte-americanos. Apoiadores dizem que eles representam a herança e a cultura do sul e homenageiam as mortes de confederados durante a Guerra Civil de 1861-65.
Ainda no Reino Unido, uma estátua do líder dos tempos de guerra Winston Churchill foi vandalizada com as palavras "era um racista" e linguagem obscena durante um protesto antirracismo no centro de Londres no domingo.
Então qual é a solução?
O artista de rua Banksy, nativo de Bristol, deu uma sugestão para resolver a polarização a respeito da estátua de Colston.
"Nós o tiramos da água, colocamos de volta no pedestal, amarramos cabos ao redor de seu pescoço e encomendamos estátuas de bronze de tamanho real de manifestantes no ato de puxá-lo para baixo. Todos felizes. Um dia famoso relembrado".