As mulheres enfrentam desafios importantes para lançar um negócio, especialmente ao nível do capital de risco, apesar de criarem cerca de um terço das empresas na Europa.
A euronews falou com Anne Ravanona, fundadora e presidente da Global Invest Her, uma plataforma que visa acelerar o financiamento dos projetos das mulheres empresárias.
euronews: "Criar e desenvolver um negócio pode ser difícil para qualquer pessoa. Há uma diferença entre homens e mulheres quando se trata de lançar empresas?
Anne Ravanona: “Ainda há um grande fosso ao nível do empreendedorismo e da possibilidade para as mulheres de lançarem empresas devido a vários fatores. Há diferentes barreiras, internas e externas. Por isso, sim, infelizmente, há diferenças quando se trata de lançar e construir uma empresa, se a pessoa for uma mulher empreendedora".
euronews: "E quais são os principais desafios para as mulheres em comparação com os homens?”
Anne Ravanona: “O desafio número um é o acesso ao financiamento, depois, o acesso a redes de apoio e a mentores. Há três desafios: financiamento, redes e mentores. ”
Anne Ravanona, presidente da Global Invest Her euronews
euronews: "A Comissão Europeia criou a iniciativa WEgate para apoiar o empreendedorismo das mulheres. Como é que essa rede ajuda as empresárias a terem sucesso?”
Anne Ravanona: "A WEgate é uma plataforma criada pela Comissão Europeia em parceria com outras organizações no terreno ao serviço de mulheres empresárias que desejam conhecer todos os recursos disponíveis nos países onde vivem e a nível internacional para poder lançar um negócio, financiar um negócio e estabelecer contactos com outras mulheres empresárias. É como uma viagem ao espaço. A rede integra numerosas organizações que prestam serviços e apoiam as fundadoras. E na Europa, nós temos de reunir todos os recursos porque há muitos recursos. É necessário um balcão único para saber onde obter o que precisa. A WEgate é uma ótima ferramenta para isso.”
euronews: "Os estudos indicam que as criadoras de empresas têm mais dificuldade em aceder a fundos de risco. Como mudar essa realidade?"
Anne Ravanona: “É uma pergunta que vale três milhões de dólares, ou que vale um vírgula sete bilhões de dólares. Sabia que o chamado fosso de financiamento ao nível do género, ou seja, a diferença entre a quantidade de dinheiro arrecadada pelos homens que lançam empresas em relação às mulheres é de um vírgula sete bilhões de dólares? Hoje, as mulheres empresárias recebem apenas 2% do capital de risco total. O que está a acontecer é que as mulheres empresárias estão a construir o seu negócio e para isso precisam de dinheiro. Eu observo que as mulheres tomam 500 cafés com as pessoas erradas e os homens tomam cinco cafés com as pessoas certas e obtêm o financiamento. Penso que há uma necessidade perceber melhor quais são os problemas que as mulheres empresárias estão a tentar resolver, para financiar melhor esses projetos, apoiá-los e tornar o seu sucesso visível.”