Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 7 Nov (Reuters) - A queda do dólar ante o real perdeu força no início da tarde e a moeda passou a operar com leves oscilações, dividida entre a derrota do Partido Republicano, de Donald Trump, nas eleições para a Câmara dos Deputados, e o cenário político local, esperando por novidades do novo governo enquanto digere notícias adversas.
Às 12:36, o dólar BRBY avançava 0,34 por cento, a 3,7709 reais na venda, depois de ter marcado a mínima de 3,7227 reais no começo da sessão. O dólar futuro DOLc1 tinha alta de cerca de 0,10 por cento.
"Enquanto não houver nada efetivo do governo de transição, o mercado vai ficar testando números para cima. Os emergentes sugerem um nível de real mais alto...perto de 3,80 reais", avaliou a estrategista de câmbio do banco Ourinvest, Fernanda Consorte, ao lembrar dos temores com guerra comercial, crescimento global, Brexit, entre outros.
Também geraram desconforto nas mesas a indefinição sobre se Ilan Goldfajn segue ou não à frente do comando do Banco Central, bem como notícia da Folha de S.Paulo de que o Senado pode votar nesta quarta-feira projetos de lei que aumentam o salário mínimo do Supremo Tribunal Federal (STF). mercado quer traçar cenários, saber logo quem é governo. A ausência de novidades tanto em relação ao comando do BC, como do governo de maneira geral, ajuda o dólar a flutuar para cima", acrescentou Fernanda.
Nesta quarta-feira, o presidente Michel Temer e o presidente eleito, Jair Bolsonaro, se reúnem e podem tratar da reforma da Previdência.
Na primeira metade do dia, o dólar seguiu a trajetória externa e caiu ante o real repercutindo o resultado das eleições de meio de mandato norte-americanas, onde o partido Republicano de Trump ampliou a maioria no Senado, mas perdeu o controle da Câmara e os democratas conquistaram mais assentos do que o necessário para assumirem o comando da Casa.
Desta forma, a oposição terá a habilidade de investigar as declarações fiscais de Trump, possíveis conflitos de interesse empresariais e alegações envolvendo a campanha do presidente em 2016 e a Rússia. Os deputados também poderão impedir Trump de construir um muro na fronteira com o México, de aprovar um segundo grande pacote de cortes fiscais e de aplicar mudanças nas políticas comerciais. o Congresso dividido, Trump e o Senado republicano não serão capazes de fazer maiores mudanças legislativas sem aprovação dos democratas...Isso significa que as esperanças dos republicanos de uma segunda rodada de corte de impostos provavelmente morreram na água", disse em nota o economista da empresa de pesquisas macroeconômicas Capital Economics Andrew Hunter.
Sem novos cortes de impostos, é provável que o Federal Reserve tenha menos trabalho para conter a trajetória de alta da inflação, o que pode esvaziar as apostas sobre aumento de juros.
O banco central norte-americano anuncia na quinta-feira sua decisão sobre a política monetária, mas a expectativa é de que um novo aumento só ocorra em dezembro. O Fed já elevou os juros três vezes neste ano e outras cinco altas são esperadas até o início de 2020.
O dólar tinha queda ante a cesta de moedas .DXY e também recuava ante as divisas de países emergentes, como o peso chileno CLP= e o rand sul-africano ZAR= .
O Banco Central vendeu nesta sessão 13,6 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 2,72 bilhões de dólares do total de 12,217 bilhões de dólares que vence em dezembro. mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral. (Edição de Camila Moreira e Iuri Dantas)