(Texto atualizado com mais informações)
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO, 23 Mar (Reuters) - O dólar ampliava os ganhos contra o real nesta segunda-feira, com os mercados atentos a medidas econômicas adotadas pelo Federal Reserve e pelo Banco Central do Brasil, em meio à onda global de aversão a risco devido ao avanço do coronavírus.
Às 14:01, o dólar BRBY avançava 1,74%, a 5,1150 reais na venda, e tocou 5,1440 reais na máxima do dia, alta de 2,31%.
Mas, na mínima do dia, a divisa norte-americana chegou a cair 0,42% a 5,0063 reais, em sessão marcada pela volatilidade.
O dólar futuro DOLc1 tinha alta de 1,09%, a 5,120 reais.
"Estamos vivendo uma gangorra" disse à Reuters Jefferson Laatus, sócio fundador do grupo Laatus, sobre o movimento desta segunda-feira. "O mercado está muito sensível, muito volátil; só hoje poderemos falar várias vezes sobre as mudanças nas oscilações."
No foco dos investidores nesta sessão, o banco central dos Estados Unidos anunciou que começará a respaldar uma gama de créditos sem precedentes para famílias, pequenas empresas e grandes empregadores, em um esforço para compensar as "graves perturbações" econômicas causadas pela pandemia de coronavírus. Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira que o BC tem arsenal para fazer frente a qualquer tipo de crise, após a divulgação de medidas e ações em estudo que, juntas, implicam uma injeção de liquidez potencial de 1,2 trilhão de reais no sistema financeiro nacional. nesta manhã, o BC anunciou três novas medidas para aumentar a disponibilidade de recursos na economia e ajudar instituições financeiras a atravessar a turbulência atual. esses movimentos acontecemm num momento em que o mundo está à beira de uma recessão decorrente da pandemia de coronavírus, em meio a uma onda de cautela que já dura semanas, derrubou as bolsas de valores globais e já deixa a moeda norte-americana em alta de mais de 27% contra o real em 2020.
"Reiniciamos esta segunda-feira com mais uma manhã negativa nos mercados internacionais", disse em nota a XP Investimentos, citando receios dos mercados em relação à aprovação de um pacote de apoio para combate ao coronavírus no Senado dos Estados Unidos.
"Existe discordância sobre o formato do pacote e do grau de transparência e liberdade do Tesouro para resgatar empresas", afirmou. O projeto do pacote já havia sido negado no domingo pelos democratas norte-americanos, que acusaram as medidas de beneficiar apenas grandes interesses corporativos.
O pacote, no valor de 1 trilhão de dólares, é a esperança dos mercados em pânico, que já precificam uma recessão na maior economia do mundo.
"Os economistas americanos dizem que há pouca dúvida de que o país está entrando em recessão. (...) A força da queda e o quase fechamento das grandes cidades é algo inédito, mais parecido com a privação em tempo de guerra do que com a desaceleração que acompanhou a crise financeira há mais de uma década, ou mesmo a Grande Depressão", disse em nota a Levante Investimentos, destacando o clima pessimista dos mercados internacionais.
No exterior, o dólar tinha força ante divisas emergentes, subindo contra peso mexicano MXN= , lira turca TRY= e rand sul-africano, pares cujo movimento o real tende a acompanhar.
No final da semana passada, a moeda norte-americana à vista fechou a 5,0274 reais na venda contra a divisa brasileira, queda de 1,50%, mas ainda assim registrou maior alta semanal desde agosto de 2018. (Edição de Camila Moreira)