(Texto atualizado com mais informações)
Por José de Castro
SÃO PAULO, 6 Mai (Reuters) - O dólar fechou em queda e abaixo de 5,30 reais nesta quinta-feira, no menor valor desde meados de janeiro, com a moeda brasileira liderando com folga os ganhos no mundo em dia de visível apetite global por risco e de reação a sinais mais firmes na política monetária doméstica.
O dólar à vista BRBY caiu 1,61%, a 5,2787 reais, menor patamar desde 14 de janeiro (5,212 reais). A cotação variou nesta quinta entre 5,3759 reais (+0,20%) e 5,2581 reais (-2,00%).
O real esteve no topo na lista de moedas relevantes, num dia de expressiva demanda por ativos arriscados, em meio ao contínuo otimismo quanto à recuperação econômica global. O dólar caía até 1,2% ante os principais pares da moeda brasileira, enquanto no mercado de ações norte-americano o índice Dow Jones .DJI voltou a fechar em máxima histórica. .NPT
Mas a repercussão de investidores à sinalização mais dura do Banco Central na política monetária fez preço ao longo de todo o pregão, com analistas vendo chances de juros ainda mais altos --o que proveria um colchão à taxa de câmbio.
"Acreditamos que a lenta restauração do 'carry' e a potencial descompressão de risco são pontos positivos para o real e esperaríamos um viés de alta para a moeda", disseram Roberto Secemski e Juan Prada em relatório do Barclays (LON:BARC). O banco privado segue com estratégia de long put spreads no par dólar/real, indicando aposta de queda da moeda dos EUA, mas ainda em meio a um ambiente de alta volatilidade. Banco Central elevou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 3,50%, na quarta-feira, e disse não haver compromisso com um processo parcial de aperto monetário, mas, sim, com a meta de inflação de 2022. tombo na taxa de juros brasileira --que saiu de 14,25% em outubro de 2016 para 2% em agosto de 2020 (patamar mantido até março passado)-- transformou a moeda brasileira em alvo fácil de operações de "hedge" para aplicações em outros mercados --estratégia que, por representar venda de reais (compra de dólar), intensificou a pressão sobre a taxa de câmbio.
A Selic em alta aumenta a diferença entre os retornos oferecidos no Brasil ante os dos Estados Unidos e de outros mercados emergentes, o que eleva a atratividade do real, potencialmente valorizando a moeda.
A mudança de trajetória na política monetária é um dos elementos que explica a queda de 10,4% do dólar futuro DOLc1 desde as máximas acima de 5,88 reais alcançadas em março --os demais foram exterior positivo e acordo orçamentário. Mas após um ajuste nessa magnitude alguns analistas começam a questionar alívio adicional.
"Não me parece haver mais o mesmo espaço para apreciação do real visto no último mês. Uma parte relevante do choque de commodities e alguma medida da sinalização de política monetária parecem já estar no preço", disse Paulo Clini, chefe de investimentos da Western Asset. Leal, economista da Rio Bravo, mantém estimativa de dólar a 5,40 reais ao fim de 2021 e 2022. "O fiscal ainda pesa muito, e chegando ao fim do ano teremos mais ruído político." bancos estrangeiros, que veem o BC mais "hawkish" (duro com a inflação), ainda mostram hesitação sobre um caminho mais suave para o câmbio. atual ciclo de alta de juro deve oferecer algum suporte ao real, mas menos do que o esperado por alguns participantes do mercado, conforme os principais drivers do câmbio devem manter o prêmio de risco idiossincrático ainda elevado", disseram profissionais do Morgan Stanley (NYSE:MS) em relatório.
"Por isso, mantemos uma visão mais cautelosa sobre o real", finalizaram.
Com as fortes quedas recentes do dólar, o índice de força relativa de 14 dias da moeda norte-americana caiu para 33,76, bem próximo da linha de 30, abaixo da qual um ativo (o dólar) é considerado subvalorizado, leitura que pode levar a correções de alta no curto prazo.
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^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^> (Edição de Isabel Versiani)