LISBOA, 27 Mar (Reuters) - A 'yield' das obrigações do tesouro de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB caiu 6 basis points (bp) para 3,79 pct, com os investidores a procurarem Bonds com maior retorno, após o 'chumbo' da lei de saúde do presidente Trump ter reacendido os receios que não consiga aprovar a legislação para estimular a economia dos EUA.
Adiantaram que os mercados começam a duvidar que Donal Trump consiga fazer passar no Congresso as cruciais leis para cortar os impostos, investir fortemente em infraestruturas e desregulamentar a banca, vistas como estimulando o crescimento nos EUA e criando inflação.
Alguns dealers referiram que também há maiores dúvidas sobre quando o Banco Central Europeu (BCE) começará a apertar a sua política monetária, prevendo-se agora que possa ser mais tarde do que se previa.
"A decepção com as políticas pró-crescimento de Trump está a fazer com que os investidores reavaliem o futuro", disse Martin van Vliet, estrategista sénior de tarifas do ING.
"Isso também significa que esta negociação 'hawkish' relativa ao BCE, na qual alguns investidores têm apostado que o BCE poderia até subir a taxa de depósito, está a ser reavaliada".
O mercado monetário está a precificar uma chance de cerca de 70 por cento de aumento da taxa na reunião do BCE em dezembro, contra 80 por cento no início deste mês.
Nas maturidades mais curtas, a cinco PT5YT=TWEB e dois anos PT2YT=TWEB , as 'yields' que reflectem o prémio de risco soberano de Portugal seguem, respectivamente, nos 1,59 e 0,00 pct.
A 'yield' do 'Bund' alemão está nos 0,39 pct, face a 0,41 pct e a dos US Treasuries está em 2,36 pct, de 2,40 pct no último fecho.
Segundo dados da Starmine PTGV1YDP=SM , a probabilidade de 'default' de Portugal nos próximos 12 meses segue nos 5,40 pct, contra 3,5 pct em Dezembro de 2016 e em comparação, por exemplo, com a probabilidade de 0,18 pct da Alemanha DEGV1YDP=SM .
Tabela com 'yields': Obrigações Tesouro
Yield
Yield
Actual (%)
Anterior (%) Portugal 10 anos
+3,79
+3,85 PT10YT=TWEB
Portugal 5 anos
+1,59
+1,63
PT5YT=TWEB
Portugal 2 anos
+0,00
+0,02
PT2YT=TWEB
Alemanha 10 anos
+0,39
+0,41
DE10YT=TWEB
Espanha 10 anos
+1,69
+1,70 ES10YT=TWEB
Itália 10 anos
+2,38
+2,41 IT10YT=TWEB
Grécia 10 anos
+7,62
+7,64 GR10YT=TWEB
Probabilidade 'Default' Dados StarMine ThomsonReuters
Período
Portugal Espanha Grécia Itália França Alemanha 12 Meses 5,40%
2,35%
14,01% 2,59% 0,39% 0,18 % 2 anos
5,65%
2,17%
20,45% 2,73% 0,28% 0,10% 3 anos
6,66%
3,23%
31,02% 3,22% 0,29% 0,08% 5 anos
8,70%
4,13%
30,01% 3,41% 0,33% 0,08% 7 anos
8,70%
4,62%
27,54% 3,30% 0,33% 0,07% 10 anos 9,05%
4,84%
24,69% 3,81% 0,36% 0,07% Rating implícito de Portugal: B+
NOTA TÉCNICA:
O modelo de risco soberano da StarMine avalia um vasto conjunto de dados macro económicos, de mercado e políticos para estimar a probabilidade de um Governo Soberano incumprir o pagamento da sua dívida num determinado período de tempo.
O modelo produz estimativas da probabilidade anualizada de 'default' e traduz a probabilidade numa notação soberana tradicional.
Este modelo utiliza uma arquitectura de regressão, que inclui o histórico de mais de 30 anos de eventos de crédito soberano, incluindo 'defaults', ou seja pagamentos falhados, reestruturações sob stress, ou seja dívida emitida em termos menos favoráveis, e recalendarizações de dívida sob os auspícios do Clube de Paris.
Os 'drivers' primários são dados macro económicos do 'datastream' da ThomsonReuters. Também são usados dados adicionais de mercado e de risco político para gerar um quadro completo do risco soberano.
Em termos específicos, inclui:
* Nível e mudanças no montante de dívida soberana face ao Produto Interno Bruto.
* Dimensão e crescimento da economia do país
* O nível de crédito providenciado pelos bancos do sector privado
* O nível e variações de reservas cambiais
* O nível de consumo público face ao consumo privado
* Importação de bens e serviços relativamente ao Produto Interno Bruto.
* Taxa de inflação e poder de compra da moeda
* Mudança anual da taxa de câmbio
* Reservas face às importações
* PIB per capita
* Nível de desemprego
* Risco político integrado medido pelo Thomson Reuters World-Check (Por Sérgio Gonçalves)