* Política monetária nos EUA é principal driver até dezembro
* Japão e commodities também podem influenciar preços
* Espaço para alta do dólar ante real, no entanto, é pequeno
* Decisão do Copom poderá atrair recursos para país
Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 3 Out (Reuters) - O dólar deve ter deixado para traz a forte trajetória baixista que o conduziu durante todo o primeiro semestre --período no qual recuou 18,61 por cento ante o real-- e repetir no último trimestre de 2016 o mesmo comportamento dos três meses encerrados em setembro e subir levemente.
Uma pequena elevação é condizente com as projeções do Relatório Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira, no qual o mercado estimou um dólar a 3,25 no final do ano.
"Por mais que as coisas nos Estados Unidos estejam indo relativamente bem e a política monetária brasileira tenda ao afrouxamento, não acho que haja espaço para um dólar mais fraco. A moeda deve ficar entre 3,25 reais e 3,30 reais até o final do ano", comentou o diretor da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
"O BC não tem interesse num dólar mais fraco. De certo modo, o nível ao redor de 3,20 reais é um dólar de equilíbrio", avaliou. O dólar fechou a primeira sessão do quarto trimestre, nesta segunda-feira, em queda de 1,4 por cento, a 3,2057 reais.
O desfecho das decisões de política monetária norte-americana e brasileira, no entanto, é uma incógnita que pode levar o dólar a se apreciar ou se desvalorizar ante o real.
No caso do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, o mercado ainda não teria precificado totalmente a alta dos juros e isso pode gerar uma pressão de compra de moeda.
"Quando se aproxima do final do ano, vai ficando mais claro que a política monetária norte-americana tem que se normalizar. O espaço vai diminuindo e isso pode fazer o dólar se apreciar ante o real", avaliou o economista-chefe do Banco Santander (MC:SAN), Maurício Molan.
Esse movimento comprador pode encontrar respaldo em outros fatores, como no sucesso da decisão do banco do Japão de criar uma meta para a taxa de juros de longo prazo; na Europa, que ainda patina na recuperação econômica; e no preço das commodities.
"Em geral, quando os emergentes crescem muito menos do que 5 por cento do ano, os preços de commodities, em geral, caem. Como há essa fragilidade de crescimento global, nos parece compatível com um retorno baixista para o preço de commodities no médio prazo e pressão no dólar", argumentou Molan.
Por outro lado, o Banco Central do Brasil está bem próximo de começar a cortar a taxa básica de juros, atualmente em 14,25 por ano.
A primeira percepção é de que isso poderia afugentar investidores, já que o diferencial de juro em relação aos EUA diminui. Mas não é o que deve acontecer, já que esse diferencial ainda seguirá bastante alto e um corte sinalizará que as condições domésticas estão melhores, atraindo mais recursos de estrangeiros.
"Muitos entrarão no Brasil ainda buscando as taxas de juros elevadas, enquanto a bolsa deverá gerar atratividade em meio à melhora do país", comentou o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer.
(Por Claudia Violante; Edição de Raquel Stenzel; MPP)