LISBOA, 24 Abr (Reuters) - A Assembleia geral (AG) da EDP-Energias de Portugal EDP.LS 'chumbou' a proposta para remover o limite de 25 pct aos direitos de voto de cada accionista, ditando o fim do 'bid' de 9.000 milhões de euros (ME) lançado pela China Three Gorges (CTG), segundo accionistas.
Esta desblindagem dos estatutos tinha de ter o apoio de dois-terços dos votos presentes para ser aprovada, mas um accionista disse que "a proposta de alteração dos estatutos foi chumbada com 56,6 pct dos votos expressos".
"Os accionistas votaram contra de forma clara, estavam contra a Oferta", disse outro accionista à saída da AG, que teve um 'quorum' de 65,18 pct do capital presente.
A 12 de Abril, a CMVM fez um ultimato à CTG, avisando que os seus 'bids' sobre a EDP (SA:ENBR3) e a EDP Renováveis seriam extintos, se esta AG rejeitasse aquela proposta de alteração dos estatutos e a empresa estatal chinesa não retirasse esta condição da Oferta. numa carta enviada hoje ao vice-presidente da mesa da AG, a CTG disse que, "no caso de o resultado da votação não permitir a eliminação do actual limite à contagem de votos, que a CTG não renunciará a essa condição".
Assim, a AG ditou o fim das duas OPAs lançadas pela CTG, que é a maior accionista da EDP com 23 pct de participação.
O 'board' da EDP considerou que o preço de 3,26 euros por acção era muito baixo.
A proposta para desblindar os estatutos da 'utility' foi feita pelo fundo activista Elliott, que tem cerca de 2,5 pct na EDP e está contra a OPA dos chineses.
A OPA da CTG precisava de aprovação regulatória em vários países, incluindo o Brasil, os Estados Unidos, Portugal e a União Europeia mas, recentemente, fontes disseram à Reuters que a CTG interrompeu as negociações com os reguladores da UE sobre o lance proposto.
Os analistas viam como difícil que a CTG tivesse o 'OK' das autoridades norte-americanas - Cifius - para comprar os activos nos EUA, bem como da DG COMP europeia pois violaria as regras europeias de concorrência do 'unbundling' - obrigação de separar a produção e a distribuição de electricidade do transporte.
A Elliott, que tem uma posição de 2,9 pct na EDP e é um dos dez maiores acionistas, propôs uma alternativa à OPA da CTG, propondo o fundo norte-americano que a EDP cristalize 7.600 ME de valor com vendas de activos, incluindo a alienação dos 51 pct que a 'utility' portuguesa tem na EDP Brasil por 2.300 ME.
Posteriormente, a 12 de Março, a EDP anunciou que planeia investir 12.000 milhões de euros (ME) até 2022 para impulsionar a aposta em renováveis sobretudo na América do Norte e Europa, prevendo encaixar mais de 6.000 ME com rotações e vendas de activos, reduzindo a exposição na Ibéria.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)