Investing.com – Os dados económicos positivos vindos da China e referentes à produção industrial na Zona Euro ajudaram a aliviar a pressão dos últimos dias sobre as principais praças europeias. Lisboa refletiu a tendência das congéneres, que arrancaram a semana claramente inundadas por uma “maré verde.”
Os investidores parecem recuperar o apetite pelo risco, tanto mais que o índice que mede a atividade industrial chinesa subiu para 51 pontos em agosto. Não só superou as previsões dos economistas, como também melhorou para máximos de 16 meses.
A segunda maior economia mundial parece recuperar terreno, à semelhança do que acontece na Zona Euro. Hoje ficou a saber-se que o índice PMI da Markit avançou para 51,4 pontos em agosto, acima dos 50,3 registados em julho, num sinal de que a produção industrial entre os países da moeda única continuou a recuperar no mês passado.
Neste contexto, o PSI20 conseguiu um dos melhores desempenhos do velho continente. Fechou nos 5.904,35 pontos a avançar 1,66%, com 15 cotadas em alta, quatro em baixa e uma inalterada.
O setor da banca, mais exposto ao risco da República, foi o que mais impulsionou os ganhos no mercado nacional. O BES destacou-se positivamente ao somar 3,9% para cotar nos 0,825 euros por ação. O BCP acompanhou a tendência com os títulos do banco a avançarem 3,13% para os 0,099 euros. Isto no dia em que foi divulgado o plano de reestruturação, que passa por um corte de custos com pessoal de 25%. Parte desse processo já tinha sido implementado.
Os ganhos também se fizeram sentir do lado do BPI com uma valorização de 1,08% para os 0,936 euros por ação. Em contra ciclo o ESFG recuou 0,19% para os 5,25 euros enquanto os papéis do Banif se mantiveram estáveis nos 0,011 euros.
Nas telecomunicações a jornada foi igualmente positiva. O setor beneficiou da notícia de que a Vodafone vai vender os 45% de participação que detém na norte-americana Verizon Wireless, numa operação que deverá rondar os 102 mil milhões de euros.
Portugal Telecom e Sonaecom somaram 1,61% e 1,62% para os 2,903 euros e 1,819 euros respetivamente. As ações da Zon Multimédia fecharam a valer 4,210 euros com uma valorização de 1,13%.
Os pesos pesados Jerónimo Martins e Galp ajudaram a sustentar o desempenho da praça lisboeta ao apreciar 1,7% para os 14,94 euros e 1,69% para os 12,95 euros. A petrolífera liderou, de resto, os ganhos no setor energético onde a subsidiária EDP Renováveis apreciou 1,61% e a casa mãe 0,9% para cotarem nos 3,853 euros e 2,698 euros respetivamente.
A impedir maiores subidas estiveram a Mota-Engil, a ceder 0,91%, e a Altri a regredir 0,21%. As ações da REN registaram uma queda de 0,09%.
Lá fora, o adiamento de uma ofensiva militar contra a Síria trouxe um novo fôlego aos investidores. O índice Eurostoxx 50, que representa as principais empresas da zona euro, avançou 1,94% para os 2.774,09 pontos.
O CAC francês e o MIB italiano destacaram-se com subidas de 1,84%. Foram acompanhados de perto pelas valorizações de 1,74% da praça de Frankfurt e de 1,68% de Madrid. O FTSE londrino apreciou 1,45%.
Mas de igual forma que os receios de uma ofensiva contra Damasco perderam força, prometem regressar. Pelo menos atendendo aos últimos desenvolvimentos. O presidente dos Estados Unidos deixou claro, numa declaração ao país, que vai ser dada uma resposta, concretizada por via aérea. O ataque está garantido, mas não para já. Barack Obama disse que procurará a aprovação do Congresso, que deverá discutir esta matéria a partir de 9 de setembro.
Em conferência de imprensa em Bruxelas, o secretário-geral da NATO defendeu também uma resposta “firme” ao uso de armas químicas na Síria, ainda que os resultados da inspeção da ONU só devam ser conhecidos na próxima semana. Anders Fogh Rasmussen descartou, no entanto, a hipótese de participar de uma intervenção militar neste país, dizendo que a decisão "deverá ser tomada pelos países individualmente".
O presidente russo, Vladimir Putin, classificou as acusações que recaem sobre Bashar al-Assad de “absurdo total”. O Irão, também aliado do regime de Assad, já fez saber que uma intervenção do Ocidente provocará retaliações além-fronteiras.