(Atualiza com dados de fechamento)
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO, 23 Out (Reuters) - O Ibovespa acumulou a terceira semana de alta nesta sexta-feira, ampliando os ganhos em outubro, conforme agentes financeiros se preparam para resultados corporativos na expectativa de que os efeitos do pior momento da pandemia de Covid-19 nos resultados das empresas brasileiras possam ter ficado para trás.
Nos últimos dias, papéis de bancos mostraram forte valorização na bolsa paulista, ajudando a manter o Ibovespa acima dos 100 mil pontos, com analistas chamando a atração para a defasagem no setor, acrescentando que os lucros devem melhorar, com os níveis de provisões começando a recuar.
"Deve confirmar que o pico de provisões ocorreu no primeiro semestre, com a qualidade geral dos ativos se apresentando em melhor forma do que o esperado e apontando para uma queda contínua das despesas de provisão ao longo de 2021", afirmou a equipe do Credit Suisse (SIX:CSGN) em relatório a clientes.
O Santander Brasil SANB11.SA abre a temporada no setor na terça-feira, seguido por BRADESCO BBDC4.SA no dia seguinte. Itaú Unibanco ITUB4.SA apresenta balanço em 3 de novembro e Banco do Brasil BBAS3.SA em 5 de novembro. Os números do BTG Pactual (SA:BBTG99) BPAC11.SA são esperados para 10 de novembro.
Além dos bancos, gigantes como Petrobras PETR4.SA e Vale VALE3.SA , que sentem também os efeitos do ritmo da atividade do mundo, apresentarão seus balanços para investidores que têm buscado cada vez mais ativos com melhor retorno do que investimentos atrelados aos juros em mínimas históricas no país.
O calendário de resultados, que ganha fôlego na próxima semana, inclui ainda nomes como Klabin (SA:KLBN4) KLBN11.SA , Cielo CIEL3.SA , Gerdau GGBR4.SA , GPA PCAR3.SA , Ambev ABEV3.SA , Telefônica Brasil VIVT4.SA , Lojas Americanas LAME4.SA e B2W BTOW3.SA , Suzano SUZB3.SA e Usiminas USIM5.SA . B3, o número de investidores ativos ultrapassou 3 milhões em setembro, e participantes do mercado continuam vendo espaço para crescimento, mesmo com um ambiente ainda complicado do ponto de vista fiscal e da recuperação da economia brasileira. A continuidade de planos de ofertas de ações reforça tal premissa.
O cenário externo também adiciona sua parcela de ruídos, com o aumento de casos de Covid-19 principalmente na Europa, mas também nos Estados Unidos, onde parlamentares e a Casa Branca não conseguem chegar a um acordo sobre mais estímulos para fortalecer uma economia ainda combalida pela pandemia.
Diferentemente do Ibovespa, o norte-americano S&P 500 .SPX encerra a semana com perda acumulada após quatro de valorização, sustentando sinal positivo no acumulado do mês.
Nesta sexta-feira, o Ibovespa .BVSP recuou 0,65%, a 101.259,75 pontos, mas subiu 3% na semana e 7% no mês. No ano, o declínio ainda alcança 12,44%.
Maiores baixas do Ibovespa no dia .PL.BVSP
Maiores altas do Ibovespa no dia .PG.BVSP
O índice Small Caps .SMLL perdeu 0,16%, a 2.457,99 pontos, mas contabilizou elevação de 1,97% na semana e de 6,72% no mês, enquanto o declínio no acumulado de 2020 está em 13,48%.
O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 22,8 bilhões de reais.
DESTAQUES DO IBOVESPA DO ACUMULADO DO MÊS:
- CSN ON CSNA3.SA valoriza-se 30,12%, embalada pelas perspectivas relacionadas ao IPO de sua unidade de mineração, embora a companhia ainda não tenha decidido se irá participar da oferta de ações. O forte resultado do terceiro trimestre e o horizonte de novos aumentos de preços de aço consolidam o bom momento da empresa comandada por Benjamin Steinbruch.
- WEG ON WEGE3.SA contabiliza elevação de 24,31%, ampliando ainda mais a liderança de ganhos no Ibovespa em 2020, com o resultado do terceiro trimestre referendando a visão de que o grupo tem conseguido atravessar a crise desencadeada pelo coronavírus sem maiores estragos, enquanto também trabalha com cenário de retomada nas áreas mais afetadas.
- SANTANDER BRASIL UNIT SANB11.SA sobe 20,39%, capitaneando a recuperação dos bancos no setor com perspectivas positivas para a temporada de balanços, que será aberta justamente pela unidade no Brasil do banco espanhol no dia 27, antes da abertura do mercado. Analistas do Goldman Sachs (NYSE:GS) veem melhora no lucro, embora ainda em queda na comparação ano a ano.
- LOJAS AMERICANAS PN LAME4.SA recua 8,81%, dando continuidade à trajetória negativa desde o final de julho, após oferta de ações no valor de 10 bilhões de reais. A varejista, controladora da B2W BTOW3.SA , apresenta balanço também na próxima semana.
- IRB BRASIL RE ON IRBR3.SA contabiliza perda de 8,54%, sem conseguir sair da ponta negativa do Ibovespa também no ano. A resseguradora busca recuperar a credibilidade após uma série de adversidades neste ano, incluindo fraude contábil. Dados mensais ainda têm mostrado prejuízo, embora quando excluídos negócios descontinuados já esteja no azul.
Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:
- Índice financeiro .IFNC : +9,52%
- Índice de consumo .ICON : +5,35%
- Índice de Energia Elétrica .IEE : +5,68%
- Índice de materiais básicos .IMAT : +12,35%
- Índice do setor industrial .INDX : +10,53%
- Índice imobiliário .IMOB : +10,32%
- Índice de utilidade pública .UTIL : +4,60% (Edição Alberto Alerigi Jr.)