Por Sergio Goncalves
LISBOA, 21 Nov (Reuters) - A estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD) teve um prejuízo de 189,3 milhões de euros (ME) nos nove meses de 2016, face ao lucro de 3,4 ME há um ano atrás, penalizado por perdas em operações financeiras e uma redução das comissões, apesar da subida da margem financeira e do corte de custos, disse a CGD.
Nos nove meses de 2016, a margem financeira estrita - diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os pagos nos depósitos - cresceu face ao período homólogo 48,1 ME ou 6,0 pct para 854,7 ME.
O produto bancário situou-se em 1.182,2 ME nos nove meses do corrente ano, tendo uma queda homóloga de 432,8 ME, "penalizado pela redução em 370 ME nos resultados de operações financeiras", que passaram para um valor negativo de 41 ME em Setembro de 2016 contra o valor positivo de 329 ME há um ano atrás.
As comissões líquidas até setembro de 2016 reduziram-se 8,1 pct em termos homólogos para 344,7 ME.
As provisões e imparidades caíram para 412 ME nos nove meses de 2016, face aos 493 ME nos nove meses de 2015 e a Caixa frisou que, "durante os meses de julho a setembro os valores registados em imparidades resultam exclusivamente da periodificação dos valores previstos no orçamento de 2016".
IMPARIDADES SÓ FIM ANO
Explicou que, desde o início de funções a 31 de agosto de 2016, a nova administração, no contexto do plano de recapitalização e com conhecimento das entidades reguladoras, tem em curso a reavaliação do valor dos ativos e de potenciais contingências da CGD e das necessidades de imparidades correspondentes, que por não estar concluído, não se encontra refletido nas contas agora divulgadas.
Adiantou que "este exercício deverá estar concluído antes do encerramento das contas referentes a 31 de dezembro de 2016 e será refletido nas demonstrações financeiras referentes ao ano de 2016".
Vincou que o plano de recapitalização prevê um aumento de capital de até 2.700 ME para cobrir as necessidades de imparidades referidas.
Os rácios Common Equity Tier 1 (CET 1) Phased-in e Fully Implemented calculados de acordo com as regras da CRD IV/CRR, alcançaram em setembro de 2016 os valores de 10,2 pct e 9,3 pct, respetivamente.
No final de Setembro de 2016, os recursos de clientes totalizaram 71.648 ME, aumentando 581 ME ou 0,8 pct comparando com há um ano atrás, enquanto o crédito a clientes bruto - incluindo créditos com acordo de recompra - caiu 2,1 pct para 69.938 ME.
O crédito em risco fixou-se em setembro de 2016 em 12,2 pct da carteira de crédito. O grau de cobertura do crédito em risco por provisões e imparidades foi de 63,8 pct, sendo o do crédito a particulares de 46,6 pct e o do crédito a empresas de 74,6 pct.
O rácio de transformação situou-se setembro de 2016 em 90 pct face a 93,1 pct em setembro de 2015.
Em setembro de 2016 o montante total de financiamento junto do BCE fixou-se em 3.577 ME, mais 762 ME face a setembro de 2015.
Os custos operativos tiveram uma redução homóloga de 3,6 pct para 943 ME, "beneficiando da contenção em todas as suas componentes".
"Excluindo o custo não recorrente relativo ao programa de pré-reforma ou de aposentação voluntária em curso (Plano Horizonte), a redução teria sido de 5,6 pct", disse a CGD.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)