LISBOA, 2 Mar (Reuters) - A EDP-Energias de Portugal EDP.LS teve um lucro líquido consolidado superior ao previsto de 961 milhões de euros (ME) em 2016, subindo inesperadamente 5 pct face a 2015, quando encaixou fortes ganhos 'one off', com boa performance operacional da área liberalizada na Ibéria e aumento de eficiência, anunciou a EDP.
O maior grupo industrial de Portugal, que controla a EDP Renováveis (EDPR) EDPR.LS e a EDP-Energias do Brasil, adiantou que o EBITDA - Earnings before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization - caiu 4 pct para 3.759 ME e a margem bruta subiu 5 pct para 5.738 ME.
Uma Poll de sete analistas contactados pela Reuters previa que o lucro líquido da EDP deslizasse 1,5 pct para uma média de 899 ME em 2016 e que o EBITDA descesse 5,7 pct para 3.702 ME. EDP adiantou que vai propôr a distribuição de um dividendo de 19 cêntimos de euros por acção relativos a 2016.
"2016 foi um bom ano para o essencialmente suportado pelo crescimento dos resultados operacionais (EBITDA)", disse o CEO António Mexia, destacando a boa performance da Península Ibérica e, apesar do aumento da capacidade instalada do grupo, um aumento da eficiência.
"Foi um ano de entrega dos compromissos ao mercado. O resultado líquido, mais uma vez, ficou acima do 'guidance'", adiantou o Chief Executive Officer (CEO).
Em 2016, a queda do EBITDA foi reflexo do menor contributo de efeitos não recorrentes, já que tinha tido ganhos 'one off' da ordem dos 441 ME em 2015, enquanto em 2016 apenas teve 61 ME.
"Excluindo estes efeitos, o EBITDA subiu 6 pct, para 3.698 ME em 2016, impulsionado pela expansão do portfólio (capacidade instalada e número de clientes), por uma melhoria na eficiência e por condições atmosféricas mais favoráveis, particularmente no primeiro semestre", afirmou a EDP.
A capacidade instalada do Grupo EDP subiu 4 pct face a 2015, para 25,2 GW em 2016, suportada por 380 MW de nova capacidade hídrica em Portugal, mais 770MW de capacidade eólica sobretudo nos EUA, México e Brasil; e encerramento da central a carvão de Soto 2, em Espanha (239MW) em Janeiro.
No mercado Ibérico, "o EBITDA ajustado subiu 9 pct em termos homólogos, impulsionado por nova capacidade em operação, fortes recursos hídricos e volatilidade de preços e melhoria de termos regulatórios na distribuição de electricidade em Espanha".
Os custos operacionais subiram 2 pct face a 2015, para 1.608 ME em 2016, aquém da expansão de portfolio. Por área de negócio, destacou os custos estáveis na Península Ibérica apesar da expansão de portfólio.
A dívida líquida caiu 1.500 ME para 15.900 ME no final de 2016, com a dívida líquida/EBITDA a descer para 4,2 vezes de 4 vezes.
A subsidiária EDPR já tinha divulgado que o seu lucro líquido tinha caído 66 pct para 56 ME em 2016, pior do que o previsto pelos analistas, penalizado pelo aumento dos custos financeiros e efeitos não-recorrentes como recursos eólicos abaixo da média e um encaixe no período comparável.
A EDP-Energias do Brasil ENBR3.SA fechou 2016 com um lucro líquido de 666,6 milhões de reais (MR) ou 204 ME, uma queda de 47 pct comparando com 2015, após fortes ganhos 'one off' no ano anterior, enquanto a depreciação do real no ano também penalizou a apropriação de resultados em euros. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)