Por Catarina Demony
LISBOA, 11 Dez (Reuters) - Uma procura por hidrocarbonetos na bacia lusitânica pode revelar gás natural suficiente para abastecer todo o país durante dois anos e meio, disse o chief executive da Australis Oil & Gas, que tem exclusividade sobre duas concessões na área.
"Portugal está relativamente sub-explorado, mas há uma taxa de sucesso relativamente alta", disse o CEP, Ian Lusted, à Reuters. "Mas até hoje não houve resultados consideráveis e não há produção de hidrocarbonetos no país".
De acordo com a empresa, que ganhou uma licença de exploração de oito anos em 2015, um total de 148 poços terrestres foram perfurados no país até hoje, com a maioria sendo poços rasos com menos de 500 metros.
No entanto, dos poços já perfurados na Batalha e em Pombal, no centro do país, as duas concessões detidas pela empresa, existem indicações de dois sistemas de hidrocarbonetos em funcionamento.
"Tivemos engenheiros independentes que avaliaram que o volume recuperável era de cerca de dois anos e meio de fornecimento para todo o país", disse Lusted. O consumo de gás natural de Portugal foi estimado em 6,15 mil milhões de metros cúbicos em 2017.
"Isso é potencialmente muito benéfico para o país e está ligado à política do governo", acrescentou Lusted.
O governo disse no início de Dezembro que as fontes de energia renovável devem atingir 80 pct da energia de Portugal até 2030, aumentando para 100 pct em 2050.
Os ambientalistas expressaram preocupação com o projecto de gás natural, embora este seja uma fonte de energia mais limpa do que o petróleo e possa ser usado durante um período de transição, à medida que o país se vira para as energias renováveis.
A perfuração nas duas áreas pode começar no início de 2020, mas ainda precisa de ser avaliada pelas autoridades ambientais.
Os ambientalistas também temem que a empresa australiana possa usar um processo de extração conhecido como 'fracking', que tem sido criticado em alguns países por perturbar as comunidades locais. Lusted negou isso, dizendo que a empresa só poderá "perfurar um poço e produzi-lo convencionalmente".
Numa petição assinada por mais de 5.000 pessoas, a organização não-governamental ASMAA escreveu que "as concessões onde a Australis irá perfurar incluem áreas de alta densidade populacional e muitas áreas de interesse cultural e histórico, bem como muitas reservas naturais".
História completa em inglês (Reportagem de Catarina Demony Traduzido para português por Catarina Demony Editado em português por Sérgio Gonçalves)