LISBOA, 31 Jan (Reuters) - A Bolsa deverá abrir em alta, segundo os futuros dos principais índices europeus, após o mínimo de uma semana tocado na sessão anterior, apoiado em dados macro PMI fortes na China e Japão em Janeiro e na expectativa sobre as decisões e visão de política monetária apresentadas hoje pela Reserva Federal dos EUA (Fed).
Os futuros do Euro STOXX 50 STXEc1 , do alemão DAX FDXc1 , do britânico FTSE FFIc1 e do francês CAC FCEc1 seguem a ganhar entre 0,6 e 0,7 pct.
* O índice PMI para a indústria transformadaora na China fixou-se em 51,3 pontos, sinalizando uma expansão, contra 51,4 pontos em Dezembro. No Japão, este indicador melhorou para 52,7, de 52,4.
Os analistas classificaram esta performance como boa, mas alertam que a chegada de Trump à Presidência dos Estados Unidos poderá testar a resiliência do tecido empresarial destas grandes potências asiáticas.
* A Reserva Federal reúne esta quarta feira e é esperado que as taxas se mantenham nos actuais 0,5-0,75 pct até ao segundo trimestre.
No mês passado a Fed adicionou adicionou 25 pontos base aos custos de financiamento, apenas a segunda subida desde a Grande Recessão e um ano após a primeira subida. Nessa anterior reunião a Fed sinalizou que poderá avançar com três subidas em 2017.
* Dados relativos ao emprego nos EUA - 'non-farm payrolls' divulgados na sexta-feira poderão também ser importantes para as expectativas do 'timing' da próxima subida de taxas.
Ontem, as acções do Millennium bcp BCP.LS destacaram-se pela positiva, subindo 6,98 pct.
* A petrolífera Galp Energia GALP.LS ontem que o seu volume de crude processado subiu 0,2 pct em termos homólogos para 28,8 milhões de barris no quarto trimestre de 2016, enquanto a margem de refinação 'benchmark' caiu 3,4 pct para 3,9 dólares por barril.
Analistas como o Haitong, disseram que a Galp teve uma sólida performance operacional, sendo a maior surpresa as vendas de gás natural acima do esperado. Esta casa de investimento vê algum potencial de curto prazo nos títulos da petrolífera portuguesa, apesar de estar a prémio face aos pares. Os títulos do operador postal CTT CTT.LS afundaram esta semana para um mínimo histórico de 5,171 euros, após o corte inesperado do 'guidance' com uma maior quebra estrutural do negócio de correio, competição no expresso e o difícil 'roll out' do BancoCTT até à rentabilidade.
* Ontem, o Conselho de Administração da CMVM deliberou a proibição temporária de vendas a descoberto das acções dos CTT, levando a uma ligeira recuperação dos títulos. Habitualmente, a reunião da Reserva Federal, dados relativos ao emprego e uma bateria de resultados empresariais dominariam as atenções dos investidores.
Mas no mundo actual, as decisões do novo Presidente dos Estados Unidos sobrepõem-se, estando na primeira linha das reacções do mercado, na sua segunda semana como líder do Executivo.
Questões como as suas controversas novas políticas de imigração poderão sobrepor-se às palavras da Presidente da Fed, Janet Yellen.
Na sexta-feira passada, Trump ordenou uma proibição de 120 dias da entrada de refugiados no país, uma proibição sem termo definido da entrada de refugiados da Síria e uma proibição de 90 dias dos cidadãos do Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Yemen.
Estas decisões assustaram os investidores, criando confusão e raiva após imigrantes e refugiados terem sido impedidos de entrar em voos e ficado retidos em aeroportos. Estas decisões de Trump causaram uma onde de críticas internacionais, de grupos de activistas de direitos civis e desafios legais.
* Assim, o Presidente dos Estados Unidos Donald Trump está esta semana de novo no centro das atenções, com quaisquer declarações e indicações sobre futuras políticas económicas escrutinadas, após ter posto a Reserva Federal, o Banco de Inglaterra e outros bancos centrais em modo 'esperar para ver'.
Trump, que tomou posse como o 45to Presidente dos Estados Unidos a 20 de Janeiro, avançou rapidamente com uma agenda que inclui a construção de um muro na fronteira com o México, cortes de impostos e a reversão do Obamacare.
A Casa Branca também avançou com a ideia de impor uma taxa de 20 pct sobre os bens vindos do México para pagar o muro, levando a uma brusca depreciação do Peso e ao aprofundamento da crise entre os dois vizinhos.
Um aumento de políticas proteccionistas é o maior risco para a economia global, segundo uma poll da Reuters que agregou a visão de centenas de economistas no início deste mês.
Trump já saiu da Parceria Trans-Pacífico (TPP) e ameaçou renegociar ou até rasgar o NAFTA-Tratado de Comércio Livre do Atlântico Norte com o México e Canadá. (Por Daniel Alvarenga)