LISBOA, 30 Mar (Reuters) - As obrigações soberanas globais em geral e dos EUA em particular estão sobrevalorizadas e, face à trajectória de subida de taxas da FED, é preferível apostar em dívida 'high yield' de empresas norte-americanas, cujas taxas de 'default' estão baixas e deverão cair ainda mais, segundo Marika Dysenchuck, Gestora de Fundos da JP Morgan, especialista em obrigações.
"Não gostamos de longa duração de obrigações soberanas dos EUA. A economia dos EUA está forte, próxima do pleno emprego e quaisquer estímulos de Trump vão atirar 'gasolina à fogueira', por isso acreditamos que a FED vai subir taxas mais rápido do que o mercado incorpora", disse, numa apresentação a investidores, em Lisboa.
"Prevemos três subidas este ano e três a quatro subidas no próximo".
A JP Morgan antevê uma subida geral das 'yields' dos Treasuries dos EUA ao longo de 2017.
"Os 'spreads' apertaram e as acções subiram, abrindo a porta a que a FED continue a subir taxas. Estamos a usar futuros para colocar posições curtas nessa parte do mercado", adiantou a gestora de fundos.
Neste ambiente, esta gestora de fundos prefere o investimento em dívida 'high yield' de empresas.
"O forte ambiente de crescimento deverá beneficiar estas empresas (high yield mais arriscadas), que serão apoiadas pelas propostas de cortes de impostos da nova administração (Trump), têm desalavancado e cortado custos, estão em boa forma", segundo Marika Dysenchuck.
"O maior risco é o de 'default', mas as taxas de 'default' em 'high yield' nos EUA seguem actualmente em torno de 2,8 pct, bem abaixo da média de 3,8 pct no passado, e prevemos que estas taxas venham a descer. Achamos que há aqui boas oportunidades". (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)