LISBOA, 16 Mai (Reuters) - O lucro líquido do grupo EDP EDP.LS teve uma queda homóloga superior ao esperado de 39 pct para 100 milhões de euros (ME) no primeiro trimestre de 2019, com um início de ano seco, menor produção eólica e forte pressão regulatória em Portugal.
A EDP, cujos accionistas no mês passado ditaram o fim de um 'bid' de 9.000 ME lançado pela China Three Gorges (CTG), adiantou que a margem bruta consolidada teve uma queda homóloga de 2 pct para 1.361 ME entre Janeiro e Março de 2019.
O maior grupo industrial de Portugal, que controla a EDP Renováveis EDPR.LS e a EDP-Energias do Brasil ENBR3.SA , disse que o EBITDA-Earnings before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization subiu 3 pct, em termos homólogos, para 921 ME nos primeiros três meses deste ano.
A média de estimativas de 8 analistas colectadas pela EDP apontava para um lucro trimestral de 116 ME e um EBITDA - lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações - de 889 ME.
O lucro líquido recorrente caiu 32% para 167 ME, "na medida em que o crescimento nas Redes no Brasil, Comercialização e a expansão do portfólio renovável foi anulado pelos efeitos de fracas hidraulicidade e eolicidade e elevada taxa efectiva de imposto no trimestre (27%), acima da taxa esperada para 2019".
Os impostos correntes, diferidos e CESE - contribuição extraordinário para o sector energético - aumentaram 18% para 166 ME.
Explicou que "os benefícios da expansão do portfólio (41 ME) foram penalizados por um impacto negativo de 149 ME, face ao período homólogo, causado pela fraca hidraulicidade e, de certo modo, fraca eolicidade".
A hidraulicidade em Portugal diminuiu 48% e a eolicidade, em média, nas várias geografias caiu 7%, face à média de longo prazo, disse.
Em termos de eficiência, o OPEX (custos com pessoal e serviços externos) caiu 2% face ao ano anterior numa base pro-forma - excluindo crescimento, IFRS 16 e ForEx - é "explicado por fortes contribuições na Península Ibérica e no Brasil".
A dívida líquida aumentou 268 ME para 13,7 mil ME, "reflexo de aceleração de crescimento e de pagamentos a fornecedores de imobilizado, enquanto o encaixe de transacções asset rotation são apenas esperados nos próximos trimestres".
Adiantou que o Cash flow orgânico recorrente gerado ascendeu a 465 ME, mais 66% do que há um ano. A evolução da dívida líquida reflecte ainda a emissão de um novo híbrido, no montante de 1.000 ME em Janeiro de 2019 - 50% equiparado a fundos próprios.
Salientou que os activos regulatórios aumentaram 0,2 mil ME no primeiro trimestre de 2019, "devido à ausência de venda de défice tarifário". A 13 de Maio a EDP vendeu 609 ME de défice tarifário relativo a 2019.
Em 24 de Abril, a Assembleia Geral da EDP 'chumbou' a remoção do limite de 25 pct aos direitos de voto, ditando o fim do 'bid' lançado pela CTG, mas o CEO da portuguesa disse que a parceria com a CTG é 'chave' e vai manter-se, olhando oportunidades na América Latina.
O fim da oferta foi acelerado pelo investidor activista Elliott, que tem 2,9 por cento da EDP.
Em Março, fontes disseram à reuters que a EDP poderia propor uma joint venture com a CTG, permitindo à chinesa expandir a sua presença no Brasil e na América Latina se aquele 'bid' falhasse.
O Estado chinês é o maior acionista da EDP com 28 pct do capital, através dos 23 pct detidos pela China Three Gorges (CTG) e dos cinco pct da CNIC.
(Por Sérgio Gonçalves)