Por Sergio Goncalves
LISBOA, 3 Dez (Reuters) - As relações económicas entre Portugal e a China são excelentes e o Governo português quer elevá-las para um patamar ainda superior, querendo que as empresas chinesas passem a fazer mais investimentos produtivos para além das aquisições de capitais de empresas, disse o ministro Adjunto e da Economia.
Numa conferência na véspera de uma visita de Estado do presidente Xi Jinping a Portugal, Pedro Siza Vieira frisou que "a importância da China do ponto de vista económico reflecte-se sobretudo ao nível do investimento directo estrangeiro (IDE)".
Lembrou que "já neste século foram significativas as aquisições de empresas por parte de vários sectores chineses em várias áreas - sector financeiro, energético, comunicação social".
"Esse relacionamento excelente contitui a base para afirmar o relacionamento económico que é já intenso, mas deve merecer novas oportunidade (...) Queremos que a visita do presidente Xi Jinping permita elevar a relação política, diplomática e económica", disse o ministro.
"A ambição que ambos os países promovem nas intenções desta visita são significativas. Do ponto de vista português são claros os objectivos que temos do ponto de vista económico: queremos passar do IDE chinês em Portugal, da aquisição de activos, para o investimento produtivo", adiantou.
Adiantou que alguns sectores como automóvel ou mobilidade eléctrica são sectores a explorar.
"Também no plano estritamente comercial queríamos verificar a possibilidade de fazer crescer as exportações portuguesas para a China", disse, dando exemplos como o sector agro-alimentar e de bens de consumo.
A abertura de Portugal ao investimento chinês, que se intensificou no consulado do anterior Governo de centro-direita e prosseguiu com o actual Executivo socialista, contrasta com a postura de desconfiança de Governos europeus e norte-americano.
Os chineses detém actualmente interesses importantes em empresas portuguesas, que vão desde o sector energético, à banca, seguros, saúde e aviação.
No fim de 2011, quando Portugal agonizava num severo resgate financeiro, a China Three Gorges (CTG) adquiriu 21 pct na EDP-Energias de Portugal EDPR.LS por 2.700 ME, ou 3,45 euros por acção, que representou um prémio de 53 pct, superando a alemã E.ON e a brasileira Eletrobras (SA:ELET3).
Posteriormente, a CTG aumentou a sua posição para 23 pct e lançou em Junho de 2018 um anúncio preliminar de oferta de 9 mil milhões de euros para a aquisição da EDP (SA:ENBR3) e da EDP Renováveis EDPR.LS .
Pedro Siza Vieira realçou a relação de Portugal com a China "tem sido extremamente importante nos últimos anos, também do ponto de vista económico" e é um parceiro comercial significativo - é o 13 cliente de Portugal em termos de exportações de bens e o sexto fornecedor de bens.
"A China é um país que é parceiro, amigo de Portugal, e cuja relação Portugal presa. Nós somos um país bem integrado na União Europeia, membro da NATO, mas somos um que tem um relacionamento excelente com vários parceiros à volta do mundo", afirmou.
"A China e Portugal apostam numa ordem multi-lateral", afirmou.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)