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Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 27 Fev (Reuters) - O lucro da EDP (SA:ENBR3) Renováveis EDPR.LS caiu 66 pct para 56 milhões de euros (ME) em 2016, pior do que o previsto pelos analistas, penalizado pelo aumento dos custos financeiros e efeitos não-recorrentes, como recursos eólicos abaixo da média e um encaixe no período homólogo que levou a uma comparação exigente.
O EBITDA -- lucro antes de impostos, juros, depreciações e amortizações -- cresceu 3 pct para 1.171 ME e as receitas aumentaram 7 pct para 1.651 ME.
A média das previsões dos analistas apontava para lucro de 80,5 ME, EBITDA de 1.180 ME e receitas de 1.684 ME. títulos da EDPR seguem a tombar 1,4 pct para 6,11 euros após a divulgação de resultados.
A gestão da EDPR agendou uma 'conference call' sobre os resultados para as 1400 horas de Lisboa. Antes dos números, os analistas frisaram que o seu foco está na incerteza regulatória nos EUA e no 'pipeline' de instalação.
O preço médio de venda em 2016 totalizou 61 euros por megawatt hora, menos 5 pct que em 2015, "espelhando as dinâmicas distintas dos parques em operação, maior produção face ao preço", segundo a EDPR.
A carteira global da EDPR ascendia a 10,4 Gigawatt em Dezembro de 2016, repartidos em 11 países, tendo adicionado 820 MW à capacidade instalada nos últimos 12 meses.
A 'utility' frisou que a comparação homóloga foi penalizada pelos ganhos líquidos não recorrentes de 82 ME em 2015, associados à aquisição de certos activos da ENEOP-Eólicas de Portugal e abates.
REESTRUTURA DÍVIDA
Os resultado financeiros pioraram 23 pct para 350 ME negativos em 2016.
"Negativamente afectados por eventos não recorrentes, de 30 ME, relacionados com pré-pagamentos e reestruturação da dívida, e pela descontinuidade contabilística das coberturas relativas às operações em Espanha", disse a EDPR, em comunicado.
Contudo, a EDPR referiu que os juros financeiros líquidos desceram para 179 ME, menos 6 pct que em 2015, com um menor custo da dívida no período.
Em Dezembro, a dívida líquida da EDPR totalizava 2.800 ME, menos 952 ME face há um ano atrás, reflectindo o encaixe financeiro de 1.189 ME com a venda de participações minoritárias em 2016, o fluxo de caixa gerado pelos activos e os investimentos efectuados.
Do total da dívida financeira da EDPR, 77 pct era relativa a empréstimos de longo prazo junto do Grupo EDP - principal accionista da EDPR. Os restantes consistem em empréstimos bancários.
O custo médio da dívida desceu para 4 pct, de 4,3 pct há um ano atrás. A maturidade da dívida financeira, 54 pct, está concentrada em 2018, reflectindo dívida a 10 anos concedida pela EDP em 2008. "Novo financiamento em negociação", adiantou a EDPR.
ALTERA POLÍTICA AMORTIZAÇÕES
"Apesar dos desafios do ano, a EDPR entregou uma sólida geração de fluxo de caixa", disse a empresa.
Após a conversão em caixa do EBITDA, os impostos do período, juros, despesas bancárias e derivados e pagamentos de dividendos e juros a minoritários, o 'retained cash-flow' de 2016 aumentou em 13 pct para 698 ME.
O Conselho de Administração vai propor a distribuição de 44 ME de dividendos, ou 0,05 euros por acção.
A EDPR anunciou que, de 2017 em adiante, "em linha com as tendências da indústria", vai aplicar uma política de amortizações a 30 anos, contra 25 anos em 2016.
"Esta alteração tem um impacto esperado de 65/70 ME ao nível do resultado líquido. O objetivo de resultado líquido ajustado 2015-20 'compound annual growth rate' de mais 16 pct, de 108 ME em 2015, excluia este impacto", referiu a empresa.