LISBOA, 26 Ago (Reuters) - A 'yield' das Obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos seguem a subir 4 pontos base (pb) para 3,03 pct, em linha com a leve subida das taxas na Europa antes do discurso de Yellen, apesar de Lisboa ter tido uma execução orçamental melhor do que o previsto no primeiro semestre, segundo dealers.
** Recentes dados económicos fortes nos EUA fortes têm encorajado alguns decisores de política monetária da Reserva Federal norte-americana (Fed) a acreditar que as taxas de juro deverão subir em breve.
Em Dezembro de 2015, a Fed subiu as taxas de juro pela primeira vez em quase uma década, mas tem mantido a política monetária inalterada desde então, receando que os ventos contrários do exterior e a volatilidade dos mercados financeiros nos EUA possam penalizar o crescimento.
** Janet Yellen discursará numa reunião de banqueiros centrais em Jackson Hole, Wyoming, hoje à tarde, havendo a expectativa que forneça pistas mais definitivas sobre o calendário de um novo aumento das taxas de juro.
"Yellen não ignorará a discussão actual, mas ela também não pode comprometer-se porque há um 'range' de visões no FOMC (Federal Open Market Committee)", disse Chris Scicluna, que lidera o 'research' económico da Daiwa Capital Markets.
Ontem, o Presidente da Fed de São Francisco, John Williams, e a Presidente da Fed de Kansas City, Esther George, defenderam a necessidade de um aumento das taxas, ainda que gradual, para inibir o sobre-aquecimento da economia nos EUA.
** Portugal mantém-se no foco dos investidores, após ontem, ao final da tarde, as Finanças terem anunciado que Lisboa cortou em 10 pct o défice público para 4.980,6 milhões de euros (ME) nos primeiros sete meses do ano, melhor que o previsto no Orçamento de Estado (OE) para 2016, com a receita a aumentar quase três pct, suplantando a subida da despesa.
Adiantou que, entre Janeiro e Julho de 2016, o saldo primário das Administrações Públicas, que exclui pagamento de juros de dívida, registou um excedente de 316 milhões de euros (ME), traduzindo-se numa melhoria de 901 ME face ao mesmo período de 2015.
"Até Julho de 2016, o défice das Administrações Públicas diminuiu 543 ME face ao mesmo mês do ano passado", referiu em comunicado.
Explicou que esta redução decorre de um aumento da receita de 2,8 pct, superior em 1,5 pontos percentuais ao crescimento da despesa.
**Nos últimos dois dias, a 'yield' portuguesa beneficiou do acordo entre Bruxelas e Lisboa para recapitalizar a Caixa Geral de Depósitos (CGD) ter atenuado os receios dos investidores quanto ao sistema financeiro em Portugal, segundo dealers.
A Comissária Europeia da Concorrência chegou a um acordo de princípio com Portugal para uma injeção de 5.160 milhões de euros (ME) no capital da estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD), incluindo uma tranche directa do Estado de 2.700 ME, disse ontem fonte oficial da Comissão Europeia (CE).
A CGD é o maior banco de Portugal e as negociações com Bruxelas já duravam há largos meses, sendo que este reforço de capital é crucial para fazer face ao aperto dos requisitos regulatórios, às elevadas imparidades de crédito, à reestruturação e à necessidade de criar um 'buffer'.
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Portugal corta 10 pct défice público Jan-Jul 2016, melhor previsto OE e Portugal chegam acordo para injectar 5.160 ME capital CGD crédito habitação Portugal descem para 1,066 pct Julho 2016-INE coincidente actividade Portugal sobe Julho'16, consumo privado cai-BP balança corrente Portugal 1ro Sem'16 agrava 38 pct -BP coloca 1.300 ME BTs 3 e 11 meses, taxas caem incólumes alerta DBRS tabela com 'yields' Bonds: Obrigações Tesouro
Yield
Yield
Actual (%)
Anterior (%) Portugal 10 anos
+3,03
+2,99 PT10YT=TWEB
Portugal 5 anos
+1,87
+1,84
PT5YT=TWEB
Portugal 2 anos
+0,51
+0,51
PT2YT=TWEB
Alemanha 10 anos
-0,07
-0,08
DE10YT=TWEB
Espanha 10 anos
+0,94
+0,92 ES10YT=TWEB
Itália 10 anos
+1,14
+1,13 IT10YT=TWEB
Grécia 10 anos
+8,31
+8,28 GR10YT=TWEB
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)