Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 10 Abr (Reuters) - A REN RENE.LS vai capturar sinergias "consideráveis" com a compra da EDP (SA:ENBR3) Gás por 532 milhões de euros (ME), um negócio que não ameaça o dividendo e a notação de investimento apesar de ter associado um aumento de capital e emissões de dívida, segundo a gestora de redes energéticas nacional.
"Há basicamente sinergias de três tipo: nos contratos para funções centrais; segundo relacionadas com pessoal, funções de apoio ou outro pessoal; terceiro contratos, não só no lado da EDP Gás, mas também da REN", explicou o Chief Financial Officer, Gonçalo Soares, numa conference call.
"Terão um tamanho considerável em termos de valor, mas é um pouco prematuro dar um número".
Frisou que, no capex, há vários fornecedores que são comuns à REN e à EDP Gás.
"Por isso achamos que podemos optimizar as coisas nessa perspectiva. Algumas (sinergias) no médio prazo e outras que demorarão um pouco mais. Mas acreditamos que terão um belo impacto nas contas", vincou Gonçalo Soares.
MANTÉM NOTAÇÃO
A EDP Gás detém a concessão para a distribuição de gás no noroeste de Portugal, cobrindo 29 municípios nos distritos do Porto, Braga e Viana do Castelo, totalizando 339 mil pontos de abastecimento. O Regulated Asset Base (RAB) da EDP Gás ascende a 452 ME e o EBITDA em 2016 atingiu 49 ME.
"Esta é uma decisão bem pensada, absolutamente alinhada com o nosso enquadramento estratégico, incluindo o objectivo de manter a notação de investimento, assim como a política de dividendo", disse o Chief Executive Officer, Rodrigo Costa.
A REN quer então manter a distribuição de um dividendo anual de 0,171 euros por acção.
"Vai trazer-nos crescimento num enquadramento de baixo risco. Temos conhecimento e tecnologia. Conhecemos o mercado", frisou Rodrigo Costa.
As acções da REN seguem a tombar 5 pct para 2,77 euros. Os analistas do BPI disseram que a venda foi executada a um preço "exigente" para a gestora de redes energéticas, embora o negócio represente uma oportunidade de crescimento. EDP Gás é a segunda maior distribuidora de gás em Portugal. A transação foi executada a um múltiplo de 11 vezes o 'enterprise value' sobre o EBITDA e a 1,18 vezes o rácio de 'enterprise value' sobre a base de activos regulados.
Com a operação, a REN aumenta a sua base de activos regulados 13 pct, ou seja em 452 ME.
OPERAÇÃO RÁPIDA
A operação envolverá um aumento de capital a ser concluído antes do final do terceiro trimestre de 2017 e uma emissão de dívida no terceiro ou quarto trimestre do ano.
"Não achamos que seja um grande entrave (a questão regulatória). Esperamos que o aumento de capital e o fecho da transacção aconteça tão rápido quanto possível", disse Gonçalo Soares.
O aumento de capital de 250 ME será financiando através da emissão de direitos e é garantido por um sindicato bancário constituído pelo Santander, CaixaBI e JP Morgan.
"Temos total apoio do 'board'. Estamos entusiasmados em avançar", afirmou o CEO, Rodrigo Costa. (Editado por Patrícia Vicente Rua)