(Repete notícia publicada ontem ao final da tarde)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 15 Fev (Reuters) - O maior banco privado português Millennium bcp BCP.LS teve um lucro líquido consolidado de 186 milhões de euros (ME) em 2017, contra 24 ME em 2016, suportado pela subida da margem financeira e uma forte redução de exposições problemáticas, segundo o CEO.
O Millennium bcp anunciou que a margem financeira - diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos - teve um aumento de 13 pct para 1.391 ME em 2017 e as comissões cresceram 3,6 pct para 667 ME.
O banco reduziu as 'non performing exposures' (NPEs) em 21 pct para 6.754 ME no final de 2017 - claramente abaixo do objectivo de 7.500 ME anunciado para o fim do ano passado - com cobertura total, incluindo garantias, de 106 pct.
Apesar das imparidades e provisões ainda representarem um fardo pesado nos resultados, tiveram uma grande queda para 925 ME, de 1.598 ME no ano anterior.
"Estamos com uma operação lucrativa, com capacidade recorrente de gerar resultados operacionais superiores a 1,2 mil ME; com contributo positivo e crescente da actividade em Portugal", disse o Chief Executive Officer (CEO) Nuno Amado.
"Estamos alinhados ou melhor em quase todos os items que foram definidos no nosso plano para 2018. Antecipámos a normalização do Balanço", disse Nuno Amado.
Destacou que o Millennium bcp é "o maior banco privado com base em Portugal, com estrutura accionista equilibrada, e com situação patrimonial robusta".
Afirmou que o Millennium bcp vai preparar um novo plano estratégico, que poderá ser apresentado lá para Junho ou Setembro, com novas metas para garantir que se mantém competitivo.
"Temos de ter rácios de cost-to-income de 40 pct ou abaixo (...) se nós não cortamos custos estamos mortos", disse o CEO, lembrando que o mercado está a mudar muito.
BEM POSICIONADO
Afirmou que "o banco está bem posicionado num sector em mudança rápida, no seguimento do plano de reestruturação já implementado com sucesso nos últimos anos: crescimento de 6,3 pct do número de clientes activos para 5,4 milhões, com aumento de 16 pct do número de clientes digitais activos para 2,5 milhões".
"(Houve um) crescimento da carteira de crédito performing em Portugal em 2017, o que já não ocorria há 8 anos", afirmou.
As 'non performing exposures (NPE) em Portugal reduziram-se em 1,8 mil ME no ano, cifrando-se em 6,8 mil ME no final de 2017, "claramente abaixo do objetivo anunciado de 7,5 mil ME".
"Houve um reforço do balanço, com o custo do risco a iniciar tendência para a normalização".
O custo do risco situou-se em 122 pontos base (pb) em 2017 contra 216 pb em 2016.
Os rácios de capital também se mantiveram robustos, com um 'common equity Tier 1 (CET1) de 13,2 pct 'phased-in' e 11,9 pct 'fully implemented' contra, respectivamente, 12,8 pct e 11,1 pct um ano antes.
AGUARDA SONANGOL
O novo presidente de Angola, João Lourenço, ordenou no final de 2017 uma avaliação às participações detidas pelo Estado ou empresas públicas em bancos nacionais e estrangeiros, incluindo Millennium bcp, a realizar por um grupo de trabalho liderado pelo ministro das Finanças.
A 'oil' estatal angolana Sonangol tem cerca de 15 pct do Millennium bcp, sendo o segundo maior accionista, logo atrás da chinesa Fosun, que lidera com 25,2 pct.
"A avaliação que está a ser feita por Angola cabe às autoridades angolanas e nós respeitamos. Demos toda a informação (...) e é claro o percurso do banco (...), aguardamos com tranquilidade", disse o CEO Nuno Amado.
"Nós estamos bastante tranquilos com a Sonangol. Tem havido contactos, relação, como sempre houve, que tem sido correcta , adequada e não prevemos alterações de maior, pelo menos num prazo razoável"
Lembrou que "as perguntas têm de ser colocadas à Sonangol, quem responde pela Sonangol, é a Sonangol".
"Do ponto de vista da relação, tem sido transparente, clara e muito, muito profissional. Isso, para mim, é um bom sinal". (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)