LISBOA, 23 Mar (Reuters) - O Governo espera encontrar rapidamente uma solução para a venda do Novo Banco, o banco de transição que está na recta final de negociações exclusivas para ser alienado ao fundo norte-americano Lone Star, disse o secretário de Estado do Tesouro Álvaro Novo.
As Finanças anunciaram a 21 de Março que os mais de 4.000 milhões de euros (ME) de empréstimos do Tesouro ao Fundo de Resolução (FR) foram estendidos em quase 30 anos para 2046, uma medida que é vista anteceder a venda do Novo Banco pois permite aos bancos manterem as actuais contribuições para o FR. Novo referiu que o actual Governo tem vindo a resolver os problemas da banca portuguesa, lembrando o aumento de capital em curso na estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD), o 'cash call' do Millennium bcp BCP.LS e o facto do espanhol Caixabank ter assumido o controlo de 84,5 pct do BPI BBPI.LS .
"Em 2017, estamos a falar de apenas dois problemas (na banca) para resolver e estamos a trabalhar para os resolver; os 'non performing loans' e o Novo Banco", disse o secretário de Estado no Parlamento.
"(Quanto ao) Novo Banco uma solução será encontrada, esperamos, rapidamente", acrescentou.
O Governo já tinha dito que iria estender a maturidade destes empréstimos para que o 'good bank' Novo Banco possa ser vendido a um preço inferior ao que o FR injectou no seu capital inicial, sem que os bancos do sistema, que são os detentores do FR, aumentem contribuições para cobrir a diferença.
No âmbito da resolução do BES em Agosto de 2014, o capital do Novo Banco foi injectado com 4.900 ME, tendo o Tesouro concedido um empréstimo de 3.900 ME ao FR, havendo a expectativa que este 'good bank' seja alienado em breve ao fundo norte-americano Lone Star.
A 20 de Fevereiro, o Banco de Portugal (BP) recomendou ao Governo a selecção do potencial investidor Lone Star para uma fase definitiva de negociações exclusivas para lhe vender o Novo Banco, o 'bridge bank' que emergiu dos escombros do Banco Espírito Santo (BES), que foi alvo de uma resolução em Agosto de 2014.
Recentemente, fontes disseram à Reuters que as negociações para a venda do Novo Banco estão na recta final e o fundo norte-americano Lone Star propõe injectar até 1.000 milhões de euros (ME) no capital para assegurar 75 pct do capital.
Uma fonte disse que o preço inicial será "quase irrelevante já que a acção principal será a injeção de 1.000 ME".
Outra fonte afirmou que os restantes 25 pct 'públicos' serão para alienar depois, havendo um compromisso com a DGComp de venda do Novo Banco até Agosto de 2017, embora houvesse dúvidas sobre se o sentido do acordo era a venda de 100 pct do perímetro dos seus activos, que implicaria não retalhar o banco, ou 100 pct do capital.
Explicou que as negociações com Bruxelas envolviam ainda resolver a questão de saber onde ficam os 25 pct 'públicos', se permanecem no Fundo de Resolução ou em outra entidade pública, desde que se evitem eventuais impactos orçamentais futuros.
A 9 de Março, o governador do BP, Carlos Costa, disse que estava confiante na venda do 'good bank' Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star, que poderá ser um "accionista forte".
A 'private equity' Lone Star é um fundo norte-americano que, desde que estabeleceu o primeiro fundo pela mão de John Grayken em 1995, organizou 17 fundos 'private equity' com compromissos agregados de capital superiores a 70.000 milhões de dólares.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)