Não é preciso ser grande especialista em economia para prever que os efeitos da pandemia covid 19 vão causar grande danos à estrutura da economia portuguesa. Estas consequências começam a ser muito preocupantes.
O otimista
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, afirmou recentemente que o impacto da crise permanece bastante contido no que diz respeito aos indicadores de desemprego. Esta ideia foi transmitida aquando do anúncio da revisão em baixa das suas projeções para a evolução da taxa de desemprego em Portugal, que deve subir até aos 7,7% este ano, começando a descer, de forma lenta, a partir de 2022. É conveniente recordar quem em dezembro este valor era de 8,8%.
O que dizem os dados?
Os dados teimam em contrariar o otimismo de Mário Centeno. Esta semana, soubemos do aumento de 30 mil inscritos nos centros de emprego. Número que eleva os pedidos de emprego para 432 mil, para encontrar um número semelhante temos de recuar até maio de 2017. Outro indicador que não augura nada de bom é o aumento de 3 mil beneficiários de rendimento social de inserção de entre janeiro e fevereiro.
Será a bazuca europeia a solução?
A famosa bazuca está dividida em três prioridades: resiliência, transição climática e transição digital. Previa inicialmente que Portugal utilizasse 13.944 milhões de euros de subvenções europeias e 2.699 milhões de euros em empréstimos. Contudo, o Plano de Recuperação e Resiliência, criado para ultrapassar a crise gerada pela pandemia esqueceu-se que são as empresas que geram a grande maioria dos empregos no país. Como resultado, levantou-se um coro de críticas tanto por parte dos empresários, como da opinião pública em geral. Ao aperceber-se que esta era uma guerra que não podia ganhar, o primeiro-ministro António Costa anunciou alguns dias depois mais de quatro mil milhões de euros para apostar nas empresas. Com isto, percebemos que a aposta no tecido empresarial não foi uma prioridade inicial, resta agora ver se na prática vai ser encarada com a seriedade que merece.