GBPUSD: Após agitada semana política, libra poderá arrefecer com nervosismo provocado pela suspensão parlamentar
Na passada semana, a Casa dos Comuns votou favoravelmente a lei proposta pelo trabalhista Hillary Benn, estabelcendo que, caso o governo de Boris Johnson não fosse capaz de alcançar um acordo com a UE até dia 19 de Outubro, o mesmo assumiria a obrigação de solicitar à UE uma extensão do prazo para Brexit até dia 31 de Janeiro de 2020. Esta proposta foi aprovada na Casa dos Lordes, tornando-se lei vinculativa para o governo. Em resposta, Johnson propôs eleições antecipadas para dia 15 de Outubro, na esperança de as vencer com maioria e concretizar o Brexit no dia 31 de Outubro de 2019. Ontem, o parlamento frustrou igualmente essa tentativa, com apenas 293 votos favoráveis, significativamente aquém da maioria qualificada necessária (433). Não obstante seis derrotas parlamentares consecutivas, Johnson mantém firme que o governo irá negociar um novo acordo com a UE, enquanto se prepara para uma saída sem acordo, reiterando igualmente que este executivo concretizará o Brexit no fim de Outubro.
Na véspera da suspensão parlamentar, o várias vezes determinante Speaker da Casa dos Comuns, John Bercow, anunciou a sua demissão, determinando que o seu último dia coincidirá precisamente com o actual prazo para Brexit. Este factor pode ser muito relevante para a discussão política do Brexit, visto que Bercow procurou sempre dar voz a todos os membros do parlamento e evitar um cenário de no-deal Brexit.
Referência técnica: Perante a compreensível falta de confiança no actual primeiro-ministro e a escassez de escrutínio da sua estratégia durante a maior suspensão parlamentar da história moderna do Reino Unido (até 14 de Outubro) é provável um aumento de volatilidade na libra, com os investidores particularmente sensíveis a desenvolvimentos negativos. Face a uma dupla resistência oferecida pelo limiar superior do canal ascendente e 50% de Fibonacci, acreditamos que, em valores de sobrevenda técnica, o GBP tem espaço para retrair face ao USD.
NZDCAD: Dólar neo-zelandês continua a estar pressionado, enquanto o dólar canadiano valoriza a par do crude
O dólar neo-zelandês é a moeda do G10 que mais cai em 2019 (-4,50%). O índice de leite e lacticínios, calculado pela cooperativa Fonterra, tem sido fixado a preços cada vez mais baixos, pressionando o NZD. A incerteza em torno da guerra comercial penaliza as divisas da Oceânia (AUD e NZD), por serem grandes parceiras da China, e historicamente a inversão da curva de rendimentos (yield curve) tem maior impacto negativo nestas duas divisas.
Relativamente ao dólar canadiano, registou-se uma recuperação assinalável na passada semana, alcançando máximos de 3 semanas. A valorização do crude contribui para a força do CAD.
Referência técnica: Destacamos a bearish flag, padrão de continuidade da tendência descendente, no gráfico de 4 horas do NZDCAD. Identificamos também o nível de 23,6% de retracção de Fibonacci como resistência respeitada pelo mercado. Preferimos o posicionamento descendente para o par, apontando para o mínimo relativo anterior. O stop loss ficaria acima dos 0,8490.
S&P 500: Após desenvolvimentos materiais em múltiplos factores de risco, força compradora parece estar a esgotar-se
Na semana passada, verificaram-se finalmente progressos favoráveis em quatro dos principais eventos de risco que actualmente assombram os mercados financeiros a nível mundial. Com diferentes graus de materialidade, os desenvolvimentos benignos contribuíram fortemente para um sentimento positivo, que naturalmente favoreceu os activos de risco. (1) Uma nova data para retoma das negociações comerciais entre EUA e China; (2) a cedência por parte da CEO de Hong Kong, Carrie Lam, ao prometer a eliminação total da lei de extradição; (3) as pesadas derrotas parlamentares sofridas por Boris Johnson e o consequente aumento probabilístico do afastamento de um no-deal Brexit; (4) a formação de um novo governo italiano, aparentemente mais estável e que pretende maior proximidade com a UE.
Ainda que inequivocamente motivadores do movimento de risk-on da semana passada, à excepção do caso italiano, estes avanços relevantes são passos meramente intermédios, não representando por isso a resolução dos factores de risco aos quais estão associados. Os investidores em acções – persistentemente complacentes – festejaram euforicamente estas melhorias, porém, sem uma continuação das mesmas e, enquanto aguardam ansiosamente as reuniões do BCE (esta semana) e da Fed (próxima semana), poderá verificar-se uma substancial vaga de realização de ganhos.
Referência técnica: Após ter testado o limiar superior do actual canal ascendente, o S&P 500 tem lateralizado, sem para já evidenciar força para ultrapassar as resistências horizontais com que se depara. Perante possíveis estímulos monetários excessivamente descontados, atribuímos maior probabilidade a uma quebra em baixa do canal e retracção do índice, num primeiro momento, até perto dos 2.930 pontos.
EMISSIONS: Confluência de níveis técnicos suporta a tendência de subida dos direitos de emissão de CO2
Em Agosto, houve uma correcção de cerca de 15% no preço dos futuros sobre os direitos de emissão de CO2, apesar da redução na produção de energia eólica em Agosto face a Julho.
Devido à correcção ocorrida em Agosto, as emissões estão praticamente inalteradas desde o início do ano.
Referência técnica: Destacamos a divergência bullish, com o preço a registar novos mínimos e o indicador RSI a registar uma subida. O canal de negociação ascendente, em vigor desde o final de 2018, está a ser retestado no limite inferior, que coincide, grosso modo, com a importante média móvel de 200 dias. Preferimos um posicionamento altista, dada a atractividade da relação risco/retorno. É possível colocar um stop loss apertado face ao potencial de recuperação dentro do canal ascendente.