Bom dia! Neste penúltimo artigo sobre o Dólar ($) irei falar da sua relação com o Iene (Japão), embora já tenha falado nesta questão, para uns pode ser um “repetir” de algumas coisas que disse, por outro lado, posso tocar em novos pontos! Vamos então prosseguir!
Comecemos pelo facto principal de que as políticas monetárias que o Banco Central do Japão (BoJ) têm adotado, ao longo do tempo, vêm desvalorizando a sua moeda! Como falei num conjunto de artigos anteriores sobre a economia japonesa, o (BoJ) implementou o Yield Curve Control (YCC), fixando assim os rendimentos dos Japan Government Bonds (JGB) próximo de 0%, além de outras políticas monetárias não convencionais, tais como, quantitative easing e ainda taxa de juro diretora negativa.
Mas de momento existem sinais de uma inflação que começa gradualmente a ficar fora de controlo no Japão, pois, o “IPC” que exclui alimentos atingiu um nível acima dos 4% em janeiro, em comparação com o período homólogo. Daí que é de todo o interesse que as empresas subam os níveis salariais acima da taxa de inflação, pois, assim as pessoas não entram numa corrida desenfreada para comprar o máximo possível, visto que se mantiver o nível salarial abaixo do nível da inflação, as pessoas não demoram tempo para comprar o máximo número de bens disponível com o orçamento que tem, visto, que o poder de compra é diminuto.
Se o (BoJ) “der” permissão a que os rendimentos dos títulos a 10 anos possam subir, isso é uma medida de apoio ao Iene (moeda japonesa). Frente ao Dólar ($), o Iene é das moedas mais desvalorizadas no que toca a mercados desenvolvidos. Implantando taxas “dentro de portas” mais altas, estas iriam reduzir gradualmente a procura por Dólares ($)!
Falando uma vez mais em “Carry Trade” e não me querendo alongar muito neste tópico, pois, já falei dele anteriormente, um aumento das taxas de juro japonesas e a volatilidade da incerteza relacionada com a política do (BoJ) o “Carry Trade” poderia deixar de fazer sentido! Mas nem tudo depende da política monetária do Banco Central do Japão, também temos que contar com a (FED). Pois, se a inflação persistir e levar o (FED) a aumentar a taxa de juro diretora além do que o mercado pensa atualmente, o valor do Iene continuará deprimido!
Mercados Emergentes?
Os mercados emergentes por vezes fazem subidas de taxas de juros que até “assustam”, vejamos o caso do Brasil! O Brasil começou a elevar a sua taxa em março de 2021 de 2% e atualmente já está nos 13,75%, quase um aumento de 600%!!! Os Bancos Centrais do leste da Europa, depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, dispararam para valores astronómicos! Não esquecendo também outros países da América do Sul, tais como, Chile, Colômbia, Peru e México, todos com taxas a oscilar entre os 8% e os 13%!
As taxas de juros reais e nominais ajudam os mercados emergentes a desenvolverem-se, visto que, o que qualquer investidor procura é rendimento, tendo sempre atenção a outros fatores e não só a taxa de juro diretora! Algumas moedas de mercados emergentes destes países que mencionei foram-se fortalecendo relativamente ao Dólar ($), também pela melhoria nas condições macroeconómicas de alguns destes países!
Como já falei no segundo capítulo desta mini-série de artigos, a reabertura da economia chinesa deverá certamente impulsionar o crescimento asiático! Deveremos estar atentos a moedas dos países como a Tailândia e Coreia, que tendem a favorecer-se com a exportação de matérias-primas para a China, visto que, a política “Covid Zero” está mais relaxada!
Na questão energética, a mesma afetou os países a escala global, uns mais que outros, mas são obstáculos que se espera que vão desaparecendo com o tempo, e deixando assim de prejudicar empresas e consumidores.
E onde entra a FED?
As moedas emergentes podem “ganhar tração” quando a Reserva Federal (FED) parar de aumentar ou até relaxar as subidas da taxa de juro diretora! Pois, isso faria com que os Bancos Centrais dos países emergentes, como falei anteriormente, podem-se também relaxar a sua política de subidas da taxa de juro diretora, tendo sempre em vista uma inflação menor!
Em suma, uma vez mais, o diferencial entre a taxa de juro diretora dos diversos mercados emergentes e os Estados Unidos da América, poderá continuar atraente, visto que a “FED” poderá começar em breve um caminho descendente como diz o mercado, daí que o investidor possa achar atraente este tipo de mercados e consequentemente as suas moedas!
Obrigado e continuação de um ótimo dia!