LISBOA, 7 Out (Reuters) - A Universidade Católica prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal tenha tido uma contração homóloga de 12,5% no terceiro trimestre de 2020, vendo o PIB a cair cerca de 10% no conjunto deste ano.
Entre Abril e Junho de 2020, quando ocorreu o 'lockdown' em Portugal devido à pandemia do coronavírus, o PIB caiu 16,3% comparando com o mesmo período de 2019.
O Forecasting Lab/NECEP da Universidade Católica manteve "o cenário central" de uma queda de 10% do PIB português este ano, com um intervalo compreendido entre -12% e -9%.
"Desta forma, é pouco provável uma queda do produto limitada aos 6,9% inscritos pelo Governo no Orçamento Suplementar 2020, ou de 8,1% como avançou recentemente o Banco de Portugal, o que parece difícil de conciliar com os dados desde meados de Setembro que sugerem a degradação da conjuntura nacional e europeia", disse a Católica.
O Banco de Portugal anunciou na terça-feira que está ligeiramente menos pessimista quanto à recessão da economia portuguesa este ano, vendo o PIB contrair 8,1% em 2020, contra uma queda de 9,5% prevista em Junho, com o levantamento dos 'lockdowns'. 2019, o PIB português cresceu 2,2%.
A Católica prevê que a economia no terceiro trimestre tenha crescido 5% em cadeia ou seja comparando com o segundo trimestre, com alguma melhoria no consumo privado, produção industrial e investimento.
No segundo trimestreo PIB português teve uma contracção de 13,9%.
O NECEP estima que a taxa de desemprego tenha aumentado para 7,8% no terceiro trimestre, de 5,6% no trimestre anterior, com a "reaproximação ao mercado de trabalho dos inactivos que ficaram sem trabalho durante o período do confinamento, para além dos demais indivíduos em situação de desemprego, como resultado da recessão já instalada no país".
Adiantou que "a economia portuguesa poderá terminar o último trimestre do ano com uma quebra superior a 5% face ao nível do trimestre homólogo".
"Tal é consistente com um cenário assente num período de recuperação cíclica relativamente longo que criará dificuldades significativas e prolongadas em termos de desemprego, financiamento e sobrevivência de empresas e instituições".
Para 2021, o NECEP prevê que o produto permaneça, ainda, quase 8% abaixo do nível de 2019.
"Tal configura uma crise profunda e uma recuperação relativamente moderada no próximo ano. No melhor dos cenários, 2021 poderá fechar a cerca de 5% do registo de 2019, mas não é de descartar um cenário com perdas próximas dos 12%", disse.
Explicou que estes cenários dependem de fatores como o grau de confinamento e distanciamento social em Portugal e na Europa, a evolução da pandemia, a recuperação da procura externa e do turismo em 2021, para além da política orçamental, que se antecipa expansionista e que "a celeridade na aplicação dos novos fundos europeus é outra incógnita que poderá protelar para 2022 uma recuperação mais robusta do investimento e do PIB".
O Instituto Nacional de Estatística deverá anunciar a primeira leitura do PIB português relativo ao terceiro trimestre a 30 de Outubro.
(Por Patrícia Vicente Rua; Editado por Sérgio Gonçalves)