As autoridades sanitárias europeias advertiram na sexta-feira que é "altamente provável" que a Europa venha a registar mais casos importados de varíola, um dia depois de ter sido detetado na Suécia o primeiro caso de uma estirpe mais grave que se propaga em África.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) afirmou, no entanto, que "a probabilidade de transmissão sustentada na Europa é muito baixa" se os casos importados forem diagnosticados rapidamente e se forem tomadas medidas para os controlar.
A mpox (anteriormente conhecida como "varíola dos macacos" tem vindo a propagar-se desde o ano passado na República Democrática do Congo (RDC) e foi detetado em vários países africanos. Até à data, o vírus já matou mais de 500 pessoas, a maioria das quais na RDC.
No início desta semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de mpox em África como uma emergência sanitária mundial, apelando a um esforço internacional coordenado para enfrentar a crise.
Numa nova avaliação de risco para a Europa, na sexta-feira, o ECDC recomendou que os países da União Europeia e do Espaço Económico Europeu (EEE) emitissem conselhos de viagem para as pessoas que visitam as áreas afectadas pela mpox.
"A probabilidade de infeção para as pessoas da UE/EEE que viajam para as áreas afetadas e que têm um contacto próximo com as comunidades afetadas é elevada", afirmou o ECDC num comunicado.
"Além disso, existe um risco moderado para os contactos próximos de casos importados para a UE/EEE, possíveis ou confirmados", acrescentou a agência de saúde.
Existem dois subtipos do vírus mpox. Pensa-se que o clado I, endémico na África Central, causa uma doença mais grave e uma mortalidade mais elevada do que o clado II, que causou o surto mundial de mpox de 2022 e continua a circular nos países da UE.
Vários países africanos estão atualmente a lidar com um surto do clado I e de uma nova estirpe relacionada com esta, denominada clado Ib.
Impacto "reduzido" mas a Europa deve estar preparada
A agência de saúde pública da Suécia comunicou em o primeiro caso importado do clado I na Europa esta semana."Em resultado da rápida propagação deste surto em África, o ECDC aumentou o nível de risco para a população em geral na UE/EEE e para os viajantes para as áreas afetadas", afirmou Pamela Rendi-Wagner, diretora do ECDC, num comunicado. "Devido aos laços estreitos entre a Europa e África, temos de estar preparados para mais casos importados do clado I", diz ainda o documento.
Embora as autoridades sanitárias europeias afirmem que o impacto do clado I será reduzido na Europa, recomendam "elevados níveis de planeamento da preparação e atividades de sensibilização" para lidar com os casos que cheguem à Europa.
Isto inclui uma vigilância eficaz, testes e rastreio de contactos para detetar casos de varíola na Europa. A agência recomenda também que os viajantes que se desloquem a zonas afetadas pela varíola procurem vacinar-se.