LISBOA, 12 Out (Reuters) - A Católica Lisbon prevê que o PIB português terá tido um crescimento trimestral de apenas 0,2 pct no terceiro trimestre de 2016, apontando para que a economia cresça apenas 0,9 pct este ano e 1,1 pct no próximo, mas predominando riscos descendentes.
Adiantou que a sua estimativa do crescimento em cadeia no terceiro trimestre "sugere que a economia está com um crescimento fraco desde o segundo semestre de 2015", lembrando que, no segundo trimestre de 2016, o PIB registou um crescimento em cadeia de 0,3 pct e um crescimento homólogo de 0,9 pct.
"Os riscos para a economia são agora predominantemente descendentes, destacando-se uma forte preocupação com a evolução do investimento que voltou a recuar no segundo trimestre, sugerindo que o processo de recuperação da economia portuguesa sofreu uma interrupção", afirmou o Forecasting Lab NECEP da Católica Lisbon.
Assim, "o NECEP mantém a previsão de crescimento para 2016 em 0,9 pct, em desaceleração face ao crescimento de 1,6 pct em 2015.
"Há alguma incerteza para o resto do ano, já que a reposição de salários na função pública sugeriria uma aceleração do consumo privado na segunda metade do ano mas a garantia, pelo Governo, do cumprimento de um défice inferior a 2,5 pct sugere, pelo contrário, uma travagem ainda em 2016", disse.
"Para 2017, a projeção central do crescimento mantém-se em 1,1 pct, refletindo um menor crescimento tendencial da economia, a incerteza sobre a política orçamental no próximo ano e, ainda, as perspetivas menos favoráveis para a economia mundial", disse.
Explicou que "a fragilidade do investimento é também motivo de preocupação e pode sinalizar uma forte desaceleração do crescimento, quer em termos reais, quer em termos potenciais".
"A conjuntura externa poderá afetar negativamente a economia via dois processos que devem ser seguidos atentamente: a evolução da posição do Governo britânico face à União Europeia e a velocidade da subida das taxas de juro por parte da Reserva Federal Norte-Americana (FED)".
"De igual forma, os desenvolvimentos políticos e económicos em Espanha constituem-se num risco latente para a economia portuguesa, em particular se um próximo governo for obrigado a tomar medidas restritivas que travem o crescimento da economia espanhola", afirmou.
Já para 2018, "a projeção é revista em baixa ligeira para um ponto central em torno de 1,3 pct, refletindo uma ligeira redução da estimativa do crescimento potencial da economia".
"Os principais riscos da economia portuguesa continuam a ser de natureza financeira, quer os relativos à capitalização do setor bancário, quer ao processo de consolidação das finanças públicas", afirmou.
Os partidos mais à esquerda que suportam o Governo socialista no Parlamento, sinalizaram que aprovarão na generalidade o Orçamento para 2017, se continuar a repor os rendimentos das famílias, mas querem discutir na especialidade o aumento de 10 euros das pensões baixas e o fim da sobretaxa de IRS.
Na semana passada, o secretário de Estado Adjunto, do Tesouro e Finanças disse à Reuters que o OE para 2017 vai prever o corte do défice para ligeiramente abaixo de 2 pct com a aceleração do crescimento e que o Governo "está confortável" que em 2016 terá um défice inferior a 2,5 pct do PIB. era a meta imposta por Bruxelas para 2016 e compara com 4,4 pct do PIB em 2015, ano em que foi penalizado pelo resgate do Banif.
Recentemente, o primeiro-ministro António Costa admitiu que o PIB poderia crescer pouco acima de 1 pct, aquém dos 1,8 pct inicialmente previstos e dos 1,6 pct de 2015.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)