LISBOA, 25 Nov (Reuters) - Um François Fillon afirmativo disse aos eleitores franceses que o seu rival na eleição primária partidária, Alain Juppé, "não quer realmente mudar as coisas" durante um debate dos conservadores na quinta-feira, em que uma sondagem colocou Fillon como vencedor dias antes de uma votação que irá decidir qual dos dois concorre à eleição presidencial de 2017.
O vencedor das primárias do partido conservador de domingo terá uma boa chance de ser eleito presidente em maio, tendo em conta as divisões na esquerda e as sondagens de opinião segundo as quais a maioria dos eleitores não quer ver a extrema-direita no poder.
"Alain Juppé não quer realmente mudar as coisas. Ele vai ficar dentro do sistema, só quer melhorá-lo", disse Fillon no debate televisionado. "O meu projeto é mais radical".
Fillon, conservador social de 62 anos que advoga políticas de mercado livre, surpreendeu ao emergir em primeiro lugar na primeira ronda da primária de sete concorrentes de domingo passado com uma vantagem robusta frente a Juppé, de 71 anos, que as sondagens mostravam como favorito durante meses. Ambos são ex-primeiros-ministros.
Numa sondagem online da empresa Elabe com 908 pessoas que assistiram ao confronto de quinta-feira, 71 por cento dos eleitores conservadores e de centro-direita consideraram Fillon mais convincente do que Juppé.
Fillon também se destacou entre os telespectadores independentemente da sua inclinação política, mas por uma margem menor: 57 por cento contra 41 por cento para Juppé.
Ambos propõem uma estratégia económica centrada na produção, com cortes nos gastos públicos e um aumento na idade de aposentação, mas discordam noutros temas de peso, tanto no campo económico quanto no social.
Fillon propõe mais cortes de empregos no sector público, o que Juppé considera impraticável, e uma semana de trabalho mais longa.
"As reformas não deveriam ser uma punição, mas trazer esperança", disse Juppé, que tem o apoio dos dois principais partidos centristas da França e é relativamente popular entre o eleitorado esquerdista depois de fazer uma campanha com uma plataforma inclusiva e de "identidade alegre". Durante o debate, Juppé insistiu no seu apego à diversidade do país.
"O modelo social francês existe, quero consolidá-lo", afirmou Juppé em referência à rede de bem-estar social da nação. "Não deveríamos acabar com ele".
(Por Ingrid Melander e John Irish; Traduzido para português por Sérgio Gonçalves; Editado em português por Daniel Alvarenga)