* Tesouro Portugal tem almofada liquidez a 6 meses, vai mantê-la
* Sec Estado confiante DBRS mantém notação em nível investimento (Acrescenta detalhes, citações)
Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 20 Set (Reuters) - Portugal mantém um acesso "confortável" a financiamento nos mercados, apesar destes viverem um período de incerteza e volatilidade que veio para ficar para todas as dívidas soberanas, não só para a portuguesa, segundo o Secretário de Estado do Tesouro e Finanças, Ricardo Mourinho Félix.
"Temos conseguido acesso confortável aos mercados", afirmou Ricardo Mourinho Félix, em declarações aos jornalistas, à margem de uma conferência sobre a dívida pública portuguesa.
"Obviamente vivemos tempos de incerteza e a volatilidade veio para ficar, não só em relação à dívida portuguesa mas em relação a todas as dívidas. Isso não negamos", acrescentou.
A 'yield' das obrigações de Portugal a 10 anos, o 'benchmark' para medir o prémio de risco soberano, tocaram um máximo de sete meses na sexta-feira passada, com alguns investidores a citaram um agravamento do risco político específico. L8N1BV1UG
CONFIANTE DBRS
Ricardo Mourinho Félix frisou que, neste contexto de elevada incerteza, é fundamental que o rigor da política orçamental e o compromisso político sejam reconhecidos pelos investidores e pelas agências de notação financeira.
"O Governo tem mantido contacto permanente com os agentes de mercado, explicando a sua estratégia económica e financeira, dando nota do compromisso político que lhe está subjacente e da sua solidez", vincou.
O Secretário de Estado do Tesouro e Finanças frisou a sua confiança na manutenção do grau de investimento atribuído a Portugal pela agência de 'rating' DBRS.
"As agências de notação financeira têm vindo repetidamente a mostrar-se confortáveis com a notação atribuída à dívida portuguesa. Foi isso mesmo que aconteceu recentemente com a Fitch, a Moody's e a Standard&Poor's e que sucederá, também, com a agência canadiana DBRS", adiantou.
A DBRS é a única agência que tem o soberano no desejado patamar de 'investment grade' e que qualifica a dívida portuguesa para o programa de compras do Banco Central Europeu, deverá divulgar a análise dessa notação a 21 de Outubro.
Na sexta-feira, a Standard & Poor's anunciou que manteve inalterado o 'rating' que atribui à dívida soberana portuguesa em BB+, com perspectiva estável, mas alertou para a desaceleração económica este ano. L8N1BS41O
"Este (diálogo com agências e investidores) tem sido um trabalho de grande exigência, que permite à República Portuguesa uma execução tranquila do seu plano de financiamento e a manutenção de custos de financiamento moderados", vincou Ricardo Mourinho Félix.
Acrescentou que o Governo tem gerido de forma prudente a tesouraria, mantendo uma almofada de liquidez que permite fazer face às necessidades de financiamento a seis meses.
"Esta almofada de liquidez, que tem um custo significativo, tem sido importante para assegurar a confiança dos investidores e dever-se-á manter até que Portugal volte a ser classificado com uma notação de investimento pelas agências de notação financeira que ainda não o fazem", concluiu. (Editado por Sérgio Gonçalves)