LISBOA, 17 Out (Reuters) - A 'yield' das Obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos alivia cinco pontos base para 3,26 pct, mínimo de mais de um mês, em contraciclo com os pares, com os investidores a receberem bem o Orçamento de Estado (OE) de 2017 e a apostarem que a DBRS manterá a notação do país em 'grau de investimento' sexta-feira.
"Com maior ou menor dificuldade, tendo em conta que OE teve de ser negociado com os partidos à esquerda, acreditava que iria haver um acordo. O Governo sabia que tinha de ter um OE dentro das exigências da Comissão Europeia e foi isso que aconteceu", disse Albino Oliveira, analista da Fincor, em Lisboa.
"Dito isso, acho que esta queda (das yields) está mais relacionada com a DBRS. Houve um momento inicial de extrema preocupação, mas agora o mercado começa a pensar que DBRS não vai cortar o 'rating', nem fazer nada de mais".
No cenário macro do OE de 2017, Portugal prometeu reduzir o défice para 1,6 pct, de 2,4 pct este ano e vê o crescimento do PIB acelerar três décimas para 1,5 pct. A proposta de Orçamento de Estado prevê um aumento de pensões e alívio da sobretaxa de IRS, mas agrava impostos indirectos. juros a 10 anos, que chegaram a tocar nos 3,63 pct este mês, encetaram entretanto uma trajectória de descida, muito ajudada pela expectativa que a agência de notação DBRS mantenha o 'rating' de Portugal em 'investment grade' a 21 de Outubro, sexta-feira, data agendada para se pronunciar sobre o país.
A confiança dos investidores cimentou-se depois do Ministro das Finanças de Portugal, Mário Centeno, a 7 de Outubro, ter dito que a DBRS lhe comunicou que está "totalmente confortável" com a 'posição orçamental muito forte' de Portugal, após uma reunião. L5N1CE05Q
"No início da próxima semana os juros poderão continuar a cair. Alguns investidores poderão estar a reentrar, com vista a algum espaço de descida na segunda-feira", disse o analista da Fincor.
"Além disso, esta semana temos reunião do BCE, que poderá sinalizar uma alteração dos parâmetros de compras de activos ou uma eventual extensão do prazo do programa".
A queda dos juros de Portugal surge em contraciclo com o resto do mercado de obrigações, cujas 'yields' tocaram máximos desde Junho tanto na Europa como nos Estados Unidos.
Esta subida é associada a declarações da Presidente da Reserva Federal (FED) dos Estados Unidos, Janet Yellen, que na sexta-feira passada sugeriu que o banco central poderá deixar a inflação exceder o objectivo de 2 pct, pois poderá ser necessário colocar a economia sob "alta pressão" para reverter os danos causados pela grande depressão.
A elevada inflação é vista como particularmente penalizadora para o mercado de obrigações.
Segue tabela com 'yields' Bonds: Obrigações Tesouro
Yield
Yield
Actual (%)
Anterior (%) Portugal 10 anos
+3,26
+3,31 PT10YT=TWEB
Portugal 5 anos
+1,80
+1,83
PT5YT=TWEB
Portugal 2 anos
+0,33
+0,32
PT2YT=TWEB
Alemanha 10 anos
+0,07
+0,06
DE10YT=TWEB
Espanha 10 anos
+1,12
+1,12 ES10YT=TWEB
Itália 10 anos
+1,41
+1,38 IT10YT=TWEB
Grécia 10 anos
+8,75
+8,75 GR10YT=TWEB
(Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)