LISBOA, 8 Mar (Reuters) - Portugal está confiante que conseguirá gerir e solver a sua dívida soberana, mesmo no actual contexto de subida de taxas a 10 anos, e o país raramente teve custos de financiamento inferiores aos níveis actuais desde que entrou no euro, disse o primeiro-ministro, António Costa.
Após o Tesouro ter colocado hoje 612 ME de 'bonds' a 9 anos com uma taxa de 3,95 pct, a 'yield' das Obrigações do Tesouro de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB segue a negociar nos 4,01 pct, contra 3,98 pct no último fecho. No final de Janeiro, a 'yield' a 10 anos superou os 4,25 pct, uma subida fulgurante face aos 2,7 pct que se fixaram em Agosto de 2016.
"As taxas de juro têm estado a subir em todos os mercados e, se comparar a nossa taxa de juro a 10 anos, desde que entrámos para o euro, verificará que foram muitos raros os meses em que tivemos taxas de juro inferiores áquelas que estão a ser praticados actualmente", disse o primeiro ministro no Parlamento.
Adiantou: "desde 1993, os momentos em que tivemos taxas de juro inferiores aos actuais foram absolutamente episódicos".
"Temos boas razões para estar atentos, mas confiantes na capacidade do país gerir e solver a sua dívida", disse.
O Tesouro português colocou hoje 1.112 milhões de euros (ME) de 'bonds' a 3 e a 9 anos, com as taxas do prazo mais longo a subirem muito, mas a ficarem abaixo dos 4 pct, no primeiro leilão desta maturidade após o país ter visto as suas 'yields' a 10 anos dispararem muito acima daquela fasquia.
O Tesouro colocou 500 ME a três anos, com a taxa a fixar-se nos 1,216 pct, enquanto a 9 anos fez uma colocação de 612 ME a 3,95 pct face aos 3,027 pct do último leilão comparável em Novembro de 2016.
"A colocação que foi feita pelo IGCP foi um montante bastante elevado, situou-se aliás em valores médios expectáveis. Portanto, o que nós temos de continuar a fazer é dar confiança aos mercados, mantendo uma boa trajectória de redução do défice, como fizemos o ano passado", disse António Costa.
Lembrou que, em 2016, Portugal reduziu um ponto percentual a sua dívida líquida para 120 pct do PIB. A dívida bruta situou-se, contudo, na casa dos 130 pct.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)