LISBOA, 14 Mar (Reuters) - Portugal colocou 1.250 milhões de euros (ME) de dívida a 10 e a 27 anos, com as taxas a descerem para mínimos recorde e na maturidade mais curta a fixar-se até abaixo do mercado secundário, reflectindo o apetite dos investidores quando o país consolida o crescimento.
A taxa média ponderada dos 'bonds' a 10 anos fixou-se em 1,778 pct, contra 2,046 pct numa operação semelhante em Fevereiro e abaixo dos 1,81 pct das obrigações negociadas em mercado secundário PT10YT=TWEB .
Na linha a 27 anos, a 'yield' fixou-se em 2,8 pct, contra 3,977 pct num leilão em Julho.
"Foram duas emissões de dívida com bastante sucesso e em ambas Portugal conseguiu emitir dívida com as taxas mais baixas de sempre para estes prazos", disse Filipe Silva, Diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa, no Porto.
"Estas duas operações mostram que o prémio de risco da dívida portuguesa baixou drasticamente o que é muito bom para os interesses do país, dado sobretudo tratar-se de dívida longa", acrescentou.
Destacou que "estes resultados irão certamente ter impacto também no custo de financiamento de empresas portuguesas que queiram emitir dívida no mercado".
Afirmou que, na taxa a 10 anos, houve "uma descida substancial para um curto espaço de tempo, em linha com o mercado".
"Mas o mais extraordinário foi a emissão a 27 anos a uma taxa de 2,8 pct. Em 2017, uma emissão semelhante (a 28 anos) a taxa foi bastante superior", disse.
"Basta dizer que esta taxa de 2,8% foi o que se pagou por dívida a 10 anos emitida em setembro de 2017 (2,78 pct). Agora, com a mesma taxa conseguimos dívida que só se vence em 2045".
O IGCP-Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública colocou 275 ME em dívida a 27 anos e 975 ME a 10 anos.
A procura ultrapassou a oferta em 2,8 vezes na maturidade mais longa e 1,7 vezes na mais curta.
O Presidente do BCE, Mário Draghi, disse hoje que o banco central precisa de maior certeza de que a inflação está a caminho de atingir o seu alvo e apenas acabará com a compra de activos quando estiver confiante em tal.
Estas declarações moderam a expectativa de uma rápida remoção dos estímulos monetários.
Na semana passada, o BCE deixou cair o compromisso com aumentar as suas compras de obrigações se necessário. A maioria dos investidores prevê que o banco central remova os estímulos extraordinários no final deste ano.
A economia portuguesa expandiu 2,7 pct em 2017, o ritmo mais forte em 17 anos. A taxa de desemprego do país recuou para 7,9 pct em Janeiro e o rácio de dívida pública baixou para 125,6 pct do PIB. Portugal tem também beneficiado de uma série de subidas de rating. (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)