Estamos na fronteira entre o Congo e Angola. No verão de 2019, teve lugar aqui um acontecimento único: A chegada do comboio dos dois Oceanos. Um comboio de luxo que vai do Índico ao Atlântico. Com uma velocidade média entre 30 e 40 quilómetros/hora, os 4500 quilómetros de trajeto fazem-se em 15 dias.
A nossa equipa teve o privilégio de embarcar e poder viver a parte angolana deste acontecimento histórico. A bordo destes vagões, alguns dos anos 40, estão turistas, vindos sobretudo da Europa, África do Sul e Estados Unidos. O serviço é de 5 estrelas e o acolhimento digno de estrelas do rock.
"Fico muito feliz por ver este comboio cá. Apresentamos a nossa cultura e a nossa tradição", diz uma das dançarinas que acolhem os passageiros nas estações por onde o comboio passa.
É uma aventura também para quem trabalha a bordo, sobretudo sul-africanos que, na maior parte, estavam também a descobrir Angola: "Vou voltar porque me senti em casa!", diz uma empregada.
Para o dono da empresa que organizou a viagem, é uma experiência que fica gravada para sempre. É também um pretexto para que surjam novas ideias: "Gostaria de ver Angola e Namíbia ligadas por via férrea. só há boas razões para isso vir a acontecer. Gostaria também de ver esta linha ligada a Luanda", explica Rohan Vos.
Missão cumprida. À chegada ao Lobito, muita emoção para quem teve a sorte de viver esta aventura. Para muitos turistas, a viagem foi apenas o início da descoberta das maravilhas de Angola.
Entrevista - Rohan VosSerge Rombi, euronews: Foi uma aventura incrível, esta primeira viagem entre Dar Es Salaam e o Lobito. O que resta desta experiência, hoje?
Rohan Vos, presidente da Rovos Rail: Quando chegámos ao Lobito, se eu tinha um ar feliz, é porque estava mesmo feliz. Nunca conto as minhas galinhas até terem crescido. Já houve viagens em que fazíamos 99 quilómetros e, no último quilómetro, falhava algo. Por isso, não posso estar contente até o comboio chegar.
Esta reportagem foi feita em julho de 2019. Estava prevista uma segunda viagem para este último verão, anulada por culpa da Covid-19. Está otimista, vemo-nos no verão que vem?
Sim! Tivemos casa cheia em todas as viagens. Foi uma situação muito triste, termos tido que cancelar este ano. Tenho a certeza que os passageiros que tinham feito reservas ficaram muito desapontados. Mas vai haver para o ano! Junho ou julho do próximo ano.