A pandemia de Covid-19 tem repercussões a todos os níveis. Em termos económicos ela faz balançar não só as finanças dos países mas também as projeções de organismos como o Fundo Monetário Internacional. A euronews falou com a economista-chefe do Fundo Monetário Internacional sobre a flutuação das projeções para a economia.
Sasha Vakulina, editora de Economia da Euronews:
O Fundo Monetário Internacional melhorou a previsão de crescimento económico global, para este ano, após a desaceleração desencadeada pelo novo coronavírus em 2020. No que diz respeito ao panorama global as previsões foram revistas alta, este ano deverá haver um crescimento de 5,5%.
Mas na Zona Euro prevê-se um agravamento, em relação às projeções de outubro, ou seja, 4,2%. Qual é a sua opinião sobre a situação na Zona Euro?
Gita Gopinath, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional:
Para a Zona Euro prevemos um menor crescimento do que o esperado para 2021, cerca de um por cento menos. E isso reflete-se em duas coisas: 2020 foi um pouco mais forte do que esperávamos, por isso a contração foi menos severa. O que temos é o impacto negativo das medidas de contenção adicionais que tiveram de ser implementadas.
Sasha Vakulina:
Quando olho para as projeções apercebo-me que o crescimento na Zona Euro nem será suficiente para compensar as perdas na região em 2020.
Gita Gopinath:
Está correto. Teremos a Zona Euro a voltar ao nível pré-pandémico apenas em 2022. Portanto, levará mais do que um ano. Agora, em parte isso acontece porque a recuperação é influenciada pelo primeiro trimestre. As medidas de contenção que estão a ser implementadas estão a abrandar a atividade.
Sasha Vakulina:
As múltiplas aprovações de vacinas e o lançamento da vacinação, em alguns países em dezembro, aumentaram as esperanças de um eventual fim da pandemia. Mas, até que ponto é que este processo lento de vacinação, a que temos assistido, poderá atrasar, ainda mais, a recuperação, em comparação com o que acabou de dizer?
Gita Gopinath:
O nosso pressuposto de base para a Zona Euro é que, no final de 2021, será alcançada uma imunidade generalizada devido às inoculações. Mas, se isso não acontecer, e se houver uma desaceleração drástica, então é claro que isso depreciaria as nossas perspetivas.