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LISBOA, 23 Nov (Reuters) - O sector do turismo em Portugal deverá perder 60.000 postos de trabalho, só este ano, devido ao impacto do surto de coronavírus e uma recuperação ainda está longe, disse na segunda-feira a Secretária de Turismo, Rita Marques.
Algumas das regiões do país precisam diversificar a sua economia voltada para o turismo após a pandemia, disse também Marques numa entrevista à Reuters.
Espera que uma recuperação das visitas internacionais ocorra até ao terceiro trimestre de 2021, dependendo do sucesso de uma vacina COVID-19, mas pode levar até 2023 para que os números regressem aos níveis recorde pré-pandémicos.
No ano passado, Portugal teve mais de 16,4 milhões de visitantes estrangeiros.
"Sabemos que vai ser difícil, vai levar algum tempo", disse Marques, acrescentando que Portugal procurou estar entre os primeiros a beneficiar quando as pessoas foram autorizadas a viajar livremente novamente.
O turismo foi crucial para a recuperação de Portugal da crise económica e da dívida de 2010 e Marques está convencida de que irá ajudar Portugal a recuperar da pandemia.
No entanto, algumas regiões dependem demasiado do turismo, afirmou, apelando ao desenvolvimento de outros sectores no país e a um aumento da sua competitividade internacional.
Regiões como o Algarve, a sul, famoso pelas suas praias e campos de golfe e particularmente popular entre os visitantes britânicos, estão entre as mais afectadas.
No Algarve, a indústria do turismo não só está a sofrer com o impacto económico da pandemia, o que fez subir o número de desempregados registados 134% para 24.088 no mês passado, desde há um ano, mas também com as preocupações sobre as implicações do Brexit.
É crucial não só para desenvolver outros sectores, mas também para atrair mais turistas de outros mercados que não o Reino Unido para o Algarve, disse Marques.
"Precisamos de diversificar... mas vamos trabalhar para garantir que o Algarve continue a acolher todos os britânicos - não importa o que aconteça com Brexit", disse Marques.
A indústria do turismo contribuiu com cerca de 15% para o produto interno bruto de Portugal em 2018, segundo os últimos dados oficiais.
Embora o sector tenha praticamente entrado em colapso devido à pandemia, com as receitas a deslizar quase 65% entre Janeiro e Setembro, Marques disse que os residentes que optaram por passar as suas férias mais perto de casa deram uma ajuda ao sector.
"Creio que o turismo doméstico está aqui para ficar", disse.
Texto original em inglês: (Reportagem de Catarina Demony, traduzido para português por André Vitor Tavares em Gdansk Newsroom; Editado por Patrícia Vicente Rua em Lisboa)