(Texto atualizado com mais informações)
Por José de Castro
SÃO PAULO, 3 Abr (Reuters) - O dólar ensaiou cair pelo quinto pregão consecutivo nesta quarta-feira, mas o clima tenso na CCJ enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendia a reforma da Previdência alimentou busca por segurança e levou a moeda norte-americana a fechar em alta frente ao real e bem perto das máximas do dia.
O dólar à vista BRBY subiu 0,57 por cento, a 3,8787 reais na venda.
Na máxima, alcançada na parte da tarde, enquanto Guedes falava na comissão, a cotação subiu 0,60 por cento, para 3,8800 reais.
Na mínima, marcada ainda pela manhã, a divisa caiu 0,58 por cento, para 3,8347 reais.
O real teve desempenho pior que vários de seus pares emergentes, como lira turca TRY= , rand sul-africano ZAR= e peso mexicano MXN= .
Na B3, a referência do dólar futuro DOLc1 apreciava 0,51 por cento, a 3,8800 reais.
Em aguardada audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara dos Deputados, Guedes ouviu de parlamentares duras críticas à proposta de mudança das regras para aposentadorias, rebateu questionamentos sobre o modelo chileno e ironizou ao dizer que a Venezuela estaria melhor. “Fala mais alto do que eu”, provocou o ministro. na primeira hora de participação, foi necessário que o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), interviesse após aumento da tensão entre Guedes e parlamentares integrantes da comissão.
"Os ativos deram uma 'realizada' (pioraram o sinal), mas muito por causa da reação dos parlamentares do que por algo que foi de fato dito", disse o operador de uma corretora em São Paulo.
Analistas técnicos lembram que o dólar tem operado em torno de sua média móvel de 200 dias e que tem tido dificuldades para cair e se manter abaixo desse patamar. É um claro sinal da falta de conforto com a venda de dólar aquém dos atuais patamares, evidência da maior percepção de risco.
A expectativa de aprovação de reforma da Previdência, porém, ainda ampara projeções de dólar mais fraco nos próximos meses. O UBS, por exemplo, espera taxa de 3,55 reais ao fim de 2019. O BofA projeta taxa de câmbio de 3,60 reais ao término do ano. (Por José de Castro; Edição de Maria Pia Palermo)