LISBOA, 16 Jan (Reuters) - O tombo superior a 7 pct do BCP (LS:BCP) levou a Bolsa de Lisboa a fechar nos mínimos da sessão, a cair 0,84 pct, acompanhando as quedas europeias, com os investidores assustados com algumas posições de Donald Trump e a possibilidade de um 'hard Brexit' no Reino Unido, enquanto os juros aliviaram, segundo traders.
* As bolsas europeias encerraram com quedas de até 1,17 pct em Milão e o índice pan-europeu STOXX 600 .STOXX recuou 0,79 pct, com todos os sectores no vermelho, excepto o de recursos básicos .SXPP , que subiu 0,5 pct.
* A banca .SX7P e as fabricantes automóveis .SXAP foram os sectores mais castigados, este último assustado com as palavras do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que ameaçou as construtoras alemãs com a imposição de uma taxa aduaneira de 35 pct sobre veículos importados.
* Os comentários de Trump sobre uma NATO obsoleta ou sobre a política de 'Uma só China' também assustaram os investidores, levando-os a refugiarem-se no iéne japonês e no ouro XAU= que tocou em máximos desde Novembro último.
* Os mercados norte-americanos estão hoje encerrados por ocasião da comemoração do Dia de Martin Luther King, o que retirou alguma liquidez à negociação europeia.
* O euro EUR= deprecia-se 0,4 pct face à moeda norte-americana, para 1,06 dólares e a libra esterlina chegou a recuar 1,5 pct face ao dólar e 2,5 pct face ao iéne, com o mercado a temer a possibilidade de no seu discurso amanhã, a primeira-ministra britânica opte pelo 'hard Brexit'.
* Na praça portuguesa, o Millennium bcp caiu 7,58 pct para 0,8031 euros, alvo de tomada de lucros após ter subido cerca de 6 pct na passada sexta-feira.
O maior banco privado português está a fazer um aumento de capital diluitivo, apesar dos investidores terem ficado agradados com a perspectiva de que banco atingirá um 'return on equity' (ROE) de 10 pct em 2018, altura em que poderá também regressar à distribuição de dividendos. agência de 'rating' Moody's realçou hoje que o aumento de capital de 1.332 milhões de euros (ME) que o BCP tem em curso é positivo para a sua posição creditícia, já que permite ao banco a absorção de riscos e reembolsar os 'contingent covertible bonds' (CoCos) ao Estado. que a transação permitirá ao BCP pagar aqueles CoCos "antes do prazo de meados de 2017, bem como aumentar os seus níveis de solvabilidade, apesar das grandes perdas registadas nos primeiros nove meses de 2016, devido a um significativo esforço de provisionamento extraordinário".
* Pressão adicional da Sonae YSO.LS e Sonae Capital SONAC.LS com quedas, com quedas de 1,9 pct e 3,4 pct, respectivamente. A Navigator NVGR.LS recuou 1,32 pct e a EDP (SA:ENBR3) Renováveis EDPR.LS caiu 1,05 pct, após um corte de avaliação do Goldman Sachs.
* A EDP EDP.LS desceu 0,18 pct e a Galp Energia GALP.LS recuou 1,59 pct. O barril de Brent LCOc1 cai 0,1 pct para 55,39 dólares e o de Crude CLc1 desce 0,2 pct para 52,26 dólares, com dúvidas em torno do corte de produção pelos maiores produtores, ao mesmo tempo que as expectativas para a produção nos EUA de um crescimento, este ano. Pela positiva, destaca-se a subida de 2,31 da Altri ALSS.LS , de 0,11 pct dos CTT CTT.LS e de 0,09 pct da Jerónimo Martins JMT.LS , que foi alvo de um ligeiro corte de price-target por parte da Kepler (SA:KEPL3) Cheuvreux para 13,95 euros por acção de 14 euros antes. No mercado de dívida, a 'yield' das Obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos cai 6 pontos base para um mínimo desde o início do ano, nos 3,86 pct, resistindo ao corte de notação de Itália pela DBRS e numa correcção técnica face às recentes subidas.
"É um dia de 'stand by' geral. Estando o mercado americano fechado, há menos liquidez. Está tudo à espera do discurso da Primeira-Ministra britânica, Theresa May, amanhã e da tomada de posse de Trump", disse Bernardo Câncio, trader do BiG-Banco de Investimento Global.
"Nas acções, assistimos a um dia de correcão técnica dos sectores que têm estado a subir muito, como o automóvel e financeiro, nas obrigações de Portugal, assistimos a um movimento técnico semelhante, mas ao contrário". (Por Patrícia Vicente Rua; Editado por Daniel Alvarenga)