A preocupação com a propagação do vírus do Nilo Ocidental está a aumentar depois de terem sido registadas mais duas mortes no município de Sevilha, Espanha, subindo para cinco o número total de mortes causadas pelo vírus na região só este verão.
Foram detetados mosquitos infeciosos em cidades próximas do rio Guadalquivir, como Coria del Rio, munícipio de Sevilha, mas o vírus já ultrapassa fronteiras municipais.
"O número de casos confirmados continua a aumentar, espalhando-se a Sevilha, Huelva, Cádis, Jaén, Córdoba e Extremadura, demonstrando que o vírus do Nilo não é um caso do Baixo Guadalquivir", pode ler-se num comunicado de imprensa da Câmara Municipal de Coria del Río.
O munícipio exige ao governo medidas mais eficazes para travar a infeção.
No início deste mês, também os munícipes realizaram um protesto para pedirem ao governo que tomasse medidas mais eficazes.
Modesto Gonzalez, presidente da Câmara de Coria del Rio, apelou ao governo central que crie um grupo de trabalho permanente para pensar em soluções imediatas para o controlo do vírus do Nilo.
"Há quatro anos que os cientistas alertam para as soluções para o vírus do Nilo, mas o Governo Central e a Junta fazem orelhas moucas, deixando tudo para os planos municipais que são incapazes de resolver um problema que ultrapassa largamente o nível local", escreveu na rede social X.
Os cientistas apontam soluções baseadas na biodiversidade e em tratamentos contra as larvas do mosquito a efetuar no início do ano em plantações de arroz e em zonas naturais com água estagnada.
Desde o início do ano, foram registadas nove mortes e 69 infeções de pessoas em países da União Europeia (UE).
Em Portugal, apesar de fazer fronteira com Espanha, não são conhecidas infeções do vírus em pessoas.
O que sabemos sobre o vírus do Nilo Ocidental?
A infeção pelo vírus do Nilo Ocidental é normalmente transmitida de mosquitos para pessoas.De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% das pessoas infetadas não apresentam sintomas, mas se existirem sintomas podem incluir febre, dor de cabeça, dores no corpo, dor articular, vómitos, diarreias ou erupção cutânea.
As pessoas com mais de 50 anos e as imunocomprometidas são as que correm maior risco, afirma a OMS.
As complicações mais graves causadas pelo vírus podem afetar o sistema nervoso central.
Os casos ocorrem sobretudo durante a época dos mosquitos, que começa no verão e vai até ao outono.
Não existe nenhuma vacina para prevenir a infeção pelo vírus do Nilo Ocidental, por isso os especialistas aconselham as pessoas nas zonas afetadas a usar repelente, vestir camisolas de manga comprida, calças e evitar sair ao ar livre ao anoitecer e ao amanhecer.